Paul Freire e a Jabuticabeira
Compreendo que os tempos são outros, que há novos mestres e grupos na Educação, mas sem aquele brilho, luminosidade e idealismo dos pensadores e educadores do passado. Aceiro democraticamente os que pensam diferente de mim, afinal não sou alguém com cultura suficiente para discutir assuntos tão sérios e fundamentais tipo Educação, de ontem e de hoje. Mas sou teimoso e enxerido. Assim, mantendo a teimosia e ousadia, vou cometer mais um enxerimento na área educacional. Vejam bem, guardo vários recortes de jornais antigos, é u vício antigo:recortar e guardar aquilo que gostei. Ontem remexendo com muito cuidado botei até uma máscara, uma pasta desses recortes encontrei uma entrevista do saudoso Paulo Freire onde ele, para explicar a um jornalista algo sobre a consciência , o determinismo e o condicionamento humano recorreu a a uma comparação com uma jabuticabeira. Vou transcrever o trecho:
"... Meu ponto de partida é o seguinte: só os seres que historicamente se tornaram capazes de saber se tornaram ao memo tempo capazes de intervir na realidade condicionadora. Indiscutivelmente a jabuticabeira que tenho no meu quintal está submetida a condições climáticas (frio, calor, chuva) e está submetida à maior ou menor presença de pássaros. Está sendo submetida à força de sua própria biologia. Só que ela anão sabe disso. A jabuticabeira não se assume como um ser reflexivo que descobre ser condicionado pela história, pelo clima, etc.
"O que acontece com a jabuticabeira é que ela se adapta, se harmoniza com as condições ambientais.
"Nós, homens e mulheres, ao nos descobrir submetidos à influência da família, da raça, da cultura, da economia, da biologia e da genética, tornamo-nos capazes de nos adaptar ás condições. Isso mais para poder melhor interferir no contexto condicionado. Em síntese: só os seres que se percebem condicionados podem deixar de ser determinados. Porque assim transformamos a determinação em condicionamento".
Simples assim. Uma aula sem cabriolas verbais e nem intelectualismo supérfluo. Freire gostava, como grande parte dos pernambucanos, de jabuticabas. Inté.