chibatas


Todo regime político, se democrático, admite oposição. Os cidadãos têm o direito de pensar diferentemente uns dos outros - e esse direito é respeitado. Têm o poder de divergir e criticar aos que estão no poder - e isso é salutar.
No regime democrático, convivem sob um mesmo teto:
- brancos, negros e amarelos; pobres, ricos e remediados; analfabetos, semi-analfabetos, de nível médio e letrados; livres e encarcerados; emigrantes e imigrantes; naturais e estrangeiros; partidários e apartidários; os que falam e os que se calam...    


Os regimes ou sistemas totalitários e ditatoriais, além de não tolerarem essa forma de convivência, reprimem-na e impõem a sua força pelas armas, pelas demissões de cargos públicos, pela tortura, prisão e/ou fuzilamento: 
- "Manda quem pode e obedece quem tem juízo";
- "Aqui, quem manda sou eu!";
- "Mesmo que sejam dados científicos, quem decide se vão ser divulgados sou eu!";
- "Os incomodados que se mudem!
"...

Há os que vivem numa democracia, mas desejam uma ditadura para o seu país, na ilusão egoística de que somente o seu modo de pensar e agir seriam respeitados pelo poder constituído. Lembro, e sou testemunha, de que o regime de força tira muito proveito do "dedurismo" (delação ou pseudo-delação) para alcançar um seu objetivo. Vive-se um clima de desconfiança das pessoas: vizinhas, do condomínio, do trabalho, da escola, dos clubes sociais... Alguém que não goste de você, pela mais torpe razão pode lhe dedurar e nunca você vai saber quem lhe dedurou. Vale o falso testemunho, que pode lhe levar até a morte. E aquele sujeito que deseja a volta da ditadura pode estar pensando em dar sua contribuição ao regime de força sendo um "dedo duro", mas se parasse para raciocinar veria que pode ser também um delatado.
Enquanto se critica um regime político, ou um sistema, num bate-papo informal, aparece logo aquele indivíduo chato que, intrometido, rebate o assunto apenas baseado na rigidez da cartilha de seu fanatismo.  Deixa os debatedores atônitos, amordaçados (porque não admite o diálogo) e aponta como malévolas (ou coisas de comunista) quaisquer atitudes de outras pessoas acaso ainda não fanatizadas. Destruir o que existia de bom e, em troca, instituir o ódio legal e a violência é o que importa.
O que faria o sistema em voga se nada encontrasse para destruir?... Destruir passou a ser a mais normal das atitudes na visão dos que pensam não ser ingênuos. E é exatamente assim que o poder vigente exige que se comportem.
O autoritarismo mantém os seus seguidores ingênuos. Há blogs e sites específicos que têm essa finalidade.
Saibam, os que acordarem, que o sistema assim instituído é um bebê que nasceu apodrecido. Seu odor, fétido, induz-nos a aspirar como normais as impurezas de alguns séculos passados, quando os tiranos eram os soberanos, abençoados soberanos e - pior! - com o poder de vida e morte, indiferentemente, mesmo sobre essas mesmas pessoas que os louvam e os divinizam.
Não beijem as chibatas com as quais, fanatizados e não fanatizados, já estão sendo açoitados.
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 20/10/2019
Reeditado em 26/11/2019
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