O caso do celular
Foi aí que pela primeira vez eu bati o pé e disse o que precisava ser dito, nem acredito, hoje, que fui capaz. Ser mulher é realmente, além do obvio, muito diferente de ser homem, e, em alguns momentos essa diferença fica gritante entre ambos. Pois bem, já fazem dias que Jorge comprou um celular novo, desses bem modernos, até bonitinho. Passou dois dias instalando as coisas do celular e depois foi morar com ele. Leva pra cama, pro trabalho, até ao banheiro, Jorge só vai com o celular, se faço um comentário o homem me responde com uma coisa que nem entendo, se peço alguma coisa trás outra, tudo porque não larga a peste do telefone. Sei não, mas isso começou a me irritar e a levantar certas suspeitas, pois tem horas que precisa sair para responder uma "besteira do trabalho" dito por ele mesmo. Mas de boba só tenho o jeito. Noite dessas, quando ouvi o sonoro ronco, levantei de mansinho peguei o espinhoso na mesinha da cabeceira e fui pra cozinha inspecionar. Nem acreditei! Várias mensagens de amor e carinho de Jorge, meu amado esposo e uma tal de Valéria - Não p-r-e-s-t-o-u. Voltei pro quarto, acendi a luz e já fui dizendo que, ou ele saia de casa ou eu, dizia isso com o diacho do celular na mão. Meu marido tentou várias desculpas, só faltou dizer que não era ele quem mandava as mensagens, isso morto de medo que eu deixasse o aparelho cair no chão. Fui pro quarto das crianças que já estão quase da minha idade e, deitei numa cama vaga. Dormi até acordar. Levantei fui botar água pro café e... Advinha quem já estava com café e pão na mesa? Ele mesmo!