PARA ANA BAILUNE, BERNARD E DARTAGNAN. INVEJA, BELICOSIDADE.

Uma interlocução sempre interessante, motivadora, aqui no Recanto. Temos a espiritualização do Bernard Gontier, a permanente e esperançosa posição de Dartagnan, e a sensibilidade que agora abordo da nossa Ana Bailune, mescladas em comentários.

Um misto de ideias e interiores se desenha. Em uns - passo a falar no plural - a esperança nunca morre, em outros o privilégio de frequentar outros espaços deixa a realidade mais forte, sem apagar a plenitude do ser, ainda que alcançado aos poucos, e uma outra legião indica a guerra em que se envolve o homem desde que surgiu, e entre sentimentos menos nobres, como a inveja, vai infestando e desenobrecendo o mundo.

E temos esse quadro desenhado nos comentários de estimados amigos, que tanto considero com todas as respeitosas divergências que possamos ter, as mesmas que aguçam somas como considerando o pensamento do Bernard, o que agora faço com a especial Ana, amiga de outras passadas.

Sim Ana, a inveja é forte, e torna o homem vil e baixo, e tanto, e muito, que embora romanceada nas sagradas escrituras, começou sua história mais conhecida e celebrada com o fratricídio, com Caim que matou o irmão Abel, o que tanto cito por aqui, e assim levou a marca de viver por muitíssimos anos com o sinal indelével da insígnia do pior mal, a inveja, para ser exposto como invejoso fratricida mundo afora, em vida longa, e expiar e cruciar sua punição.

Pode-se dizer que a inveja é o mais devastador mal. Meça-se seu alcance.

Veja-se se não é mãe de todos os outros filhos que habitam infernos interiores. Por ela se deseja o que o outro tem, o que o outro sabe, o que o outro representa socialmente, o que o outro possui de beleza, carisma, dons, agraciamentos pela sorte na vida.

Daí a belicosidade que nos fala Ana, e endossa Nietzsche. Tudo pela guerra de alcançar o que se almeja pela inveja. Este o parto de dor que faz parir no mundo tantas desgraças e desamores, que mata o sonho de ser gente e faz do crime o meio e o modo de caminhar, ou que se põe recôndito a sofrer com a felicidade do outro, espiando de longe desejos pessoais irrealizados.

Hoje se inicia uma dessas batalhas pela inveja, que vai demorar por desnecessário exibicionismo da ribalta. Peça esperada pelos atores.

A peça todos conhecem. No palco o bem e o mal de que fala Nietzche.

Personagem indiretamente principal nessa cena quem com invulgaridade e singularidade se colocou no cenário pelo acaso da vida, como julgador, e que é alvo de muitas invejas pela celebridade de julgar, discretamente e com proficiência, qual destino daqueles que pela inveja cometeram crimes. Crimes de Estado e contra a nação, e que arrastaram criminosos comuns de todas as colorações; o que está em jogo por interpretação de princípio já pacificado no mundo nos tribunais.

Mas a inveja e a ruína em causa própria de alguns não deixam que essa pacificação ancore em porto brasileiro.

É um juiz como todos os outros, que são sérios, mas um incansável e discreto trabalhador. Fechou em meio a ações inovadoras a porta da inveja.

Se pretende pela inveja, também, almejando o esplendor de palmas da nação, quando são escorraçados nas ruas, abrirem alguns essa porta para que ela continue a peregrinação do mal.

O homem surgiu para viver em paraíso de delícias, o Éden. É a mensagem da criação revelada pelo primeiro dos cinco livros do Pentateuco, o Gênesis. E ordenou que cultivasse e guardasse o paraíso, determinando que se afastasse o homem da árvore da ciência do bem e do mal.

Começava aqui a marca da supressão da inocência pelo ato de escolha, a ruptura da delícia de viver em um paraíso, sem necessitar do trabalho, de existir na plenitude da humanidade, doada sem maiores exigências, havendo desconhecimento do egoísmo já que desconhecida ainda a virtude, só conhecida a inocência.

E o homem inaugura o caminho que embaraça a humanidade até hoje; ficou com o mal no abraço da árvore da ciência que, felizmente, ainda pode ser salva no avanço para a perfeição perdida.

"Por que você se assusta? O que acontece para a árvore, acontece também para o homem. Quanto mais deseja elevar-se para as alturas e para a luz, mais vigorosamente enterra suas raízes para baixo, para o horrendo e profundo: para o mal." - Friedrich Nietzsche

Estamos diante da didática do erro. A árvore que ganha altura precisa de maior base, mais se enraíza, isto não se assemelha a ir ao encontro do mal, mas ao encontro de se fortalecer para mais crescer. Da mesma forma que o homem que busca alturas espirituais se introverte e se aproxima mais do silêncio, de seu interior, de suas raízes, de seu Deus; e o faz para crescer espiritualmente. Incrivelmente falsa a proposição do filósofo.

É isso Ana, belicoso sim o homem, e invejoso maximamente.

Esperar que isso mude sempre se esperou, mas vamos perdendo essa batalha dos bons. Quem? Nós, eu você, Bernard e Dartagnan? Não, todos os que têm boa vontade.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 17/10/2019
Reeditado em 17/10/2019
Código do texto: T6771916
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