Rastros da alma

 

 

 

 

As palavras estão jogadas, sem conhecermos o percurso de quem as deixou, sem a realidade escondida por trás da poesia, e uma vida passou ali, em sua inimitável fantasia. Alguma coisa foi dita na hora inevitável da tristeza ou angústia, alguém até poderá copiar este drama, na sensatez ou loucura, então poderá pintar as suas folhas, as suas pedras, as suas flores, os seus pássaros, que não são seus, mas da natureza, a escrita e os sentimentos derramados duma doída alma, não se pode copiar, não são os mesmos elementos do encantado e único instante, esse não lhe pertence, reformar as frases, remendar a paisagem sem o contorno daquelas gotas derramadas, salgadas, das lágrimas, fará o seu poema insosso, sem as cores vibrantes nos devaneios do eu verdadeiro.

 

A história é alheia, nessa posse sem âmago, uma verdade, não se pode plagiar uma alma. é intransferível a emoção, até para se criar, tem que se deixar doer, os rastros da alma, só a estrada reconhece o seu caminhante, sabe do olhar de cada um, com o seu jeito de enxergar os pormenores da viagem.  Enquanto o infinito for esse lugar que só quem conhece o sentido do amor, sabe com os olhos fechados percorrer um mundo encantado de um eu incansável em busca do que faz incentiva a alma.

 

Você pode ler um poema sem sonhar, sem parar para refletir, sem criticar, ou em algum ponto sem se inspirar até, pode copiar as letras da dor sentida do outro, quando fez sangrar a poesia, e reescrever sem nada, nada sentir, as ocas palavras, em nada serão  parecidas com você, nelas se fizeram gravadas um eu perdido que no tempo ficou marcado, mas sempre haverá alguém que sabe dos traços de uma alma que ao longo da vida foi deixando a sua história bem ou mal contada, mas original, será o outro o tempo inteiro, que não engana, não se engane.

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 16/10/2019
Reeditado em 04/12/2022
Código do texto: T6771148
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