"É SÓ UMA QUESTÃO DE PREFERÊNCIA". CRÔNICA DE BERNARD GONTIER.

"O BARCO PARTIU"

"É só uma questão de preferência.”

“No que te inclinas a acreditar?"

Essa a chave que dá respostas, mas não abre portas. Por quê? Acreditar? Está difícil acreditar em algo. E pior, quanto mais se vive mais piora ter crenças e preferências. De que adiantam preferências se estamos no mar bravio das vontades incontidas, que iradas odeiam as gentes, sacrificam os mais sacrificados, martirizam mais ainda os esgotados por incontáveis martírios precedentes, violam as leis onde deviam ser garantidas, aplaudem a improbidade e acolhem a corrupção avassaladora; tudo no centro da fogueira que incinera dignidades.

Quando em mais nada se crê e armazena-se experiência vetusta, galvanizada, lembramos das guerras tão lidas e estudadas, que se repetem.

Estamos em guerra aparente e continuada, severa ou mascarada ou vivemos no tão alardeado Estado de Direito, que adoça bocas espúrias? Ficção inserida em dois Estados Paralelos, um com lei aparente inerme e inerte, outro sem lei nenhuma, o cano da arma e tão só. Este nos surpreendendo a cada passo, aquele sem coibir.

Seria uma mentalidade que se pensa sábia quando não é, que orienta a razão do mundo? Ou a disfuncionalidade rege tudo? Será essa a ignorância que gravita como verdade do mundo? Enganosa e enganando.

Nos diz Kryon ser essa a única verdade a parecer incontestável.

Nietzsche fica com a crua realidade humana. “Severidade, violência, perigo, guerra, são valores tão valiosos como bondade e paz”, e diz a razão que entende justificada: “Ganância, inveja, mesmo ódio são elementos indispensáveis no processo da luta, da seleção, da sobrevivência. O mal está para o bem como as variações para a hereditariedade, como a inovação e a experiência para os costumes; não há desenvolvimento sem uma quase criminosa violação de precedentes e da “ordem”. Se o mal não fosse bem o mal desapareceria.”

É uma bela equação da realidade. Como é possível o ódio ter o mesmo peso que o amor? O mal e o bem caminharem juntos?

Mas Kryon tem pontificado pelo que se vê.

Estivemos ou estamos sempre em guerra e não notamos e o mal prevalece, ou cabeças como Nietzsche tinham razão?

O que reservou para o Brasil o destino das nações gigantes? Era o país do futuro, o barco tinha partido. Naufragou quando nessa história palmilhada de sofrimentos? Quem sobreviveu? Os náufragos têm alguma chance de continuarem?

Kryon estava certo, “civilização fácil de pulverizar e difícil de restabelecer.” Qual civilização, existiu ainda que fragmentada? Não creio. Com essa nomenclatura por ser oposta à barbárie; civilização. Já saímos da barbárie para processo real civilizatório? Não creio, a história não autoriza esse crédito. Levy Straus grande antropólogo dizia que não, continuamos bárbaros.

Desenham-se novas tempestades com a dissipação e ruína de uma ordem que já é pequena e sofrível.

Demônios dão entrevistas e querem o palco, e proferem palavras da mais profunda maledicência, inveja, frustração e incapacitação como pessoa, e nessa condição, pessoa, mal podem sair às ruas.

Mas resistem do quartel da arrogância.

“Para onde olharmos há ebulição, "esse barco já partiu".

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/10/2019
Reeditado em 15/10/2019
Código do texto: T6770596
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