O VEDANTA. NECESSIDADES DE CADA UM.

O Vedanta, no eterno professor, O LIVRO, ensina que enquanto nos julgarmos ricos de bens terrenos ou de conhecimentos, não podemos progredir espiritualmente.

Como é difícil esse encontro com nós mesmos. Esse despojamento do que traz alegria para o espírito e se plasma na beleza, não é descartável, ao menos para mim, como na escultura.

Olhar essa beleza que emociona arrancada da pedra bruta, como com simplicidade e extrema humildade dizia Michelangelo, “não faço nada demais, só tiro o excesso de mármore da pedra bruta”, me faz muito feliz e me comove.

E como a encobrir um dos maiores talentos no manuseio do cinzel, distante de qualquer alienação, Michelangelo bateu com o martelo no joelho do seu Júpiter, quando depositado na Igreja de San Pietro in Vincoli, Roma, e tanta era a humanização da escultura, que ordenou para que andasse. Não era gesto de loucura, mas de vibração com a obra.

Imagine-se como reagimos em nosso interior vendo essa grandeza, como as maravilhas de Bernini.

É um conhecimento do qual não consigo me afastar, me faz falta sua ausência se não posso ver. Como a felicidade de meu entorno com o prazer de meus familiares com as criações que trazem prazer aos olhos, principalmente para as netas e filhos. O espírito vive as alegrias do sangue ainda que as visões alegres não interfiram interiormente de forma objetiva.

São valores que não posso descartar, e que por vezes nascem da materialidade. No fundo de nós, para que não haja despojamento total, talvez tenhamos consciência de que nos falta algo, mas agarramo-nos ainda na esperança de que essa falta possa ser preenchida pelos objetos deste mundo. Vivamos nossas alegrias.

Só os monges em suas clausuras ou os eremitas em seus isolamentos nas montanhas, mais perto do céu e das divindades, se exoneram dessas trivialidades humanas. Uma ascese de renúncia que não se configura em nossas humildes jornadas.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/10/2019
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