SOB A SOMBRA DA JAQUEIRA

O sol começava a despontar inclemente naquele feriado de 12 de outubro. As seis da manhã o sol já dava conta de que seria um dia muito quente, embora estivéssemos ainda no meio da primavera aqui no hemisfério sul. E o dia prometia além do calor várias outras emoções. A caminhada aconteceria da sede da cidade até a pedra dos cinco pontões, um ponto turístico da região serrana do Espírito Santo. Num total de 25 km homens e mulheres estariam caminhando naquele sábado descontraído, em que o calor do sol competia com o calor humano. Já não era a primeira vez que ela fazia a caminhada em companhia do pai e do filho mas não sabia que esta lhe reservaria emoções únicas. No meio do trajeto uma pausa debaixo de uma jaqueira. A árvore bem frondosa, de vários tons de verde, tinha sido palco a um ano da primeira parada. De repente vozes mais alegres começam se juntarem ao grupo e começam a entoar o parabéns. Um pequeno bolo surgiu e com ele os abraços, o carinho e até mesmo algumas emoções. Estava ela ali novamente, debaixo do grande pé de jaca comemorando o seu aniversário. Chapéu na cabeça, camiseta amarela que contrastava com o azul que o céu tinha naquela manhã de feriado. Velhos amigos e novas amizades vinham para lhe desejar felicidades pela passagem de mais um ano de vida. Foi ai que se se deu conta, que era uma mulher livre, determinada, corajosa. Que ali sob o pé da jaqueira a vida tomava uma dimensão muito maior que ela poderia imaginar, porque na caminhada da saúde havia se tornado uma caminheira da vida. Sorriu timidamente e com acenos da cabeça agradecia os cumprimentos que recebia dos amigos ao redor. Sentiu que a vida lhe pulsava mais intensamente e que o calor naquele momento não era mais tão incômodo. Lembrou de sua vida, da profissão na pequena comunidade, dos filhos, do esposo, dos pais. Mas lembrou-se de si mesma. Olhou para a Jaqueira, e sorriu lembrando que um ano antes naquele mesmo dia uma fruta havia caído do pé e se tornado o marco para o seu aniversário. Depois de comer o bolo, ajeitou o chapéu decorado com fita marrom, recuperou as forças e decidida recomeçou as duas caminhadas. A caminhada da saúde, que seria de 25 km, e a caminhada da vida que naquele dia, sob o pé da jaqueira começava uma nova etapa.

Homenagem a Zete Buecker pela passagem do seu aniversário em 12 de outubro