Dor de Barriga
Uma comissão vai definir o novo salário do presidente. Existe uma proposta da OAB para que o vencimento do Chefe da Nação e dos “ilustrados” membros do Congresso Nacional (dá uma tristeza lembrar que ele existe) sejam fixados pelo povo (olha a gente aí!) brasileiro.
Tive que ler a notícia, publicada naquelas chamadas rápidas da internet pelo menos uma dezena de vezes. Sei que a proposta não vai vingar. Seria o mesmo que perguntar ao coelho o que ele acha da raposa:
- Fominha! Fominha! – isso para ficar barato.
E lá vejo a propaganda eleitoral pré-referendo para definir o salário. Renan Calheiros aparece no vídeo defendendo um aumento de 399% por que os gastos são muitos e o Congresso Nacional (ai,ai,ai...) defende os interesses do povo. Outros deputados e senadores são chamados a dar o seu depoimento. Uma verba extra é aprovada para subsidiar a campanha, fora o dinheiro dos grupos econômicos que os sustentam, criando comerciais durante a programação com slogans:
- Congresso Valorizado é povo Feliz!
Do outro lado, propondo uma redução de 90% nos vencimentos, aparece a Luísa Helena, o MST e as torcidas organizadas de todos os clubes de futebol:
- O aumento é indecente, o Congresso é da gente!
No dia do referendo a força nacional de segurança é chamada. As urnas eletrônicas funcionam a todo vapor. As pesquisas de opinião foram proibidas. Nos bastidores das duas câmaras um burburinho:
- Corre a boca miúda que será um massacre – pânico se instala.
Ocorre o esperado. O povo rejeita o aumento com 99% de desaprovação. A multidão sai às ruas. O Carnaval é agora! Festa pouca é bobagem. Na calada da noite seguinte, o Congresso Nacional (asco,asco,asco) aprova uma verba extra mensal de R$ 150.000,00 para cada membro cobrir despesas com papel-higiênico – e haja dor de barriga!