VIVER, É SOMENTE UMA OPÇÃO.
É tão somente um breve momento,como um piscar de olhos, tão rápido quanto uma faísca de luz nos céus do outono, tudo pode ser nada previsível aos olhos embaçados daqueles que transitam trôpegos , julgando-se sóbrios; que se alimentam do lodo no fundo do aquário onde vivem, iludidos, como estivessem nas profundezas dos mares abissais.
Sorrisos, alegrias, festas; as manhãs renascem , foi preciso ficar atento ao canto do operário passarinho que cultiva o ninho do seu pequeno herdeiro, tecendo fagulhas, uma a uma, para não se deixar pensar que ali já não estava.
Por um instante, ávida vida se esvai, um lampejo, um grito, e a cortina serra, desce e encerra a luz da lamparina que iluminava o transeunte incauto. Esse, moribundo, agora de outro mundo, se despe para se vestir daquilo que insofismavelmente passa a ser o que se é, e ou que se está.
Será? Por quanto tempo? Quanto terreno a se arar? A seara é imensa...
Os pensamentos que vagueiam em sua mente, dão-lhe a nítida impressão do quarto escuro e desconhecido que ele precisa, de forma tão imprecisa, por ora transitar.
Os incontáveis tropeços, deixaram marcas em suas vestes; suas crenças, sua fé; fé em que...?
Os donos do poder poderão lhe dizer que suas escolhas, são o retrato dos seus intestinos; mas qual o menino não sonhou um dia ser um rei. Eu também já fui rei, eu também já fui rei, eu também muito errei, e quantos intestinos eu furei?
Os donos do poder também tem suas escolhas, e nas encolhas, colhem o fruto da soberba que vomitam naqueles que se mostram invisíveis.
São mortos vivos, ou vivem mortos, quem são os verdadeiros mendigos?
Onde está o horror, e como se horrorizar, quando se tem a honra de se espalhar o terror?
O medo avassalador, invade as salas das casas tal como tsunami, arrastando todos que buscam se preservar, ao verem o filme educativo de suas vidas no domingo maior.
Busquemos nos defender com as armas de fogo que afugenta o mal feitor?
Morte àqueles que não tem escolhas? E quantas folhas precisaremos colher para enfeitar o ninho do passarinho que insiste em cantar? Para nos lembrar que ainda estamos vivos.
-“ e aí dotô”, dê um tchauzinho para o seu carrão, mas antes disso não se esqueça de me fazer uma oração, quem sabe depois de passarmos por outros corpos estatelados no chão...?
- vivos ou mortos? Pergunta o rei do aquário, indignado com o abuso do abusador abusado.
- daí pouco importa, quem sabe não poderemos nos reconhecer pelas marcas que deixamos um no outro?
- viver vivo, é somente uma opção.
PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS) 04/1019
em meio à guerra no chapadão( comunidade do Rio de janeiro)