Às vezes é difícil, mas dá para não ser igual
Tem gente que faz de tudo para que desacreditemos nas pessoas e na viabilidade de o Ser humano prosperar espiritualmente. Um dos prazeres que tenho são as plantas. E morando em casa com quintal, planto bastante as sementes de várias frutas que consumo. É um grande barato acompanhar a germinação de uma semente e ver a planta se desenvolver. E a parte boa é que não custa caro. Em frente à minha casa tem um estacionamento bem grande, que estou transformando num pomar, apesar das muitas investidas de destruição pura e simples das plantas ou de roubos descarados de gente preguiçosa, predadora e desrespeitosa. O azar delas é que sou insistente e para cara muda destruida ou furtada, tenho outras se desenvolvendo. Mas, volta e meia tenho que respirar fundo para não me igualar ao comportamento dos vândalos. Como de costume, levantei cedo e depois do café saí para cumprir o ritual de molhar as plantas. E, então, eu vi. Uma caminhonete, cabine dupla, preta, nova, bonita, estacionada exatamente em cima de uma mexeriqueira ja grandinha e que estava cercada de estacas, justamente para que os motoristas vejam e não depredem. Mas, qual o que. A tal caminhonete, com placa do Rio de Janeiro (duvido que seja coincidência). A vontade foi de esvaziar os quatro pneus da caminhonete, mas me contive. Continuei molhando as outras frutíferas esperando que o dono do veículo aparecesse. E apareceu. Um cara novo, mais alto que eu, muito. E mais forte que eu, muito, também. Fui até ele e perguntei se ao estacionar alí o estacionamento estaria lotado. Não, não estava, ele disse. e eu perguntei, espumando por dentro mas dando um tom de ironia na pergunta. - Então, por que voc~e decidiu estacionar exatamente sobre uma mexeriqueira devidamente cercada ? E arrematei. Mentalmente xinguei você de bolsonarista. Ele deu um sorriso um tanto amarelado. Desconfio que votou no Bolsonaro rsss. Essa foi a minha atitude agressiva, pois se fosse mais agressivo que isso, estaria me igualando ao rapaz predador e a todos os outros que não respeitam uma árvore. A namorada do moço chegou e os dois entraram na caminhonete lindona e sairam. Um doce para quem adivinhar o que a dupla fez em seguida. Sairam do estacionamento, pela contramão e pegaram uma rua lateral, também na contramão. É bem possível que estivessem rindo da minha patetice ecológico-ambiental e nem tenham percebido a ilegalidade. Ou talvez tenham feito de propósito, para demonstrar o desprezo à ordem e ao belo. Entrei e fui providenciar outra muda de mexeriqueira.