ALMA ITALIANA.
Os meus olhos tristes se perdem no infinito azul celeste, a desoladora expressão da minha face revela esta alma cansada e em tormento.
Uma brisa suave começa a soprar neste momento, enquanto permaneço aqui, sentado no meio da nada com o olhar perdido no horizonte deste mar de concreto.
Os dias se arrastam vagarosamente.
Nada mais faz sentido, tudo se esvai como o orvalho no avançar da manhã. Sou apenas um poeta, este prisioneiro das palavras, encarcerado nas grades de versos e rimas, riscados na tábua deste meu coração.
Em poucos instantes o dia dará lugar a noite, o fim de tarde melancólico será engolido pelos braços fortes da escuridão, é a noite impiedosa. Daqui a poucos minutos todas as luzes se apagaram.
De angústia se consome o coração.
Tristeza é tristeza, à alma se inquieta, e sem ter lugar, vai aos poucos morrendo de medo e pavor. A incerteza corrói por dentro, não existe esperança, somente o medo de dentro para fora. O que me tornei se não a própria face da melancolia, o reflexo da dor no espelho. Ninguém vê, mas estou lá… Estou sempre lá.
Eu sou o medo.
De tudo e de todos, medo da vida, medo de amar, medo de respirar, de responder, de me calar, e falar… Medo do próprio medo figurado na incompreensão, medo de não fazer nada.
Eu não sei quem sou, ou, no que um dia fui, e se, um dia vou ser; sei apenas, que nada mais sei desta rude vida. Vou apenas viver um dia de cada vez.
Minha alma é Italiana.
Sou descendente de Italianos, me vejo como tal, às vezes me sinto como um dos meus próprios personagens, 'Giovanni Marconi', do meu primeiro livro, 'Diário da solidão', neste livro o personagem é um cinquentão Italiano, poeta, que exilou-se em uma Ilha Brasileira. Lá, na solidão, descobre o amor, fruto de suas experiências na Itália, mas, ali, solitário, descortina-se o seu dia a dia, a esquizofrenia, a visão da mulher amada. A saudade da terra distante, o distanciamento de tudo e de todos, o que é verdade? O que mentira? O que é real, E o que é irreal?
As vezes sou ele, as vezes não sou, pareço-me com ele, de alma Italiana, prisioneiro de meus próprios devaneios. Afinal, os dias são assim, sou na verdade, prisioneiro da ilha solidão neste mar de concreto infestado de gente.