“Trago verdades invioláveis nos quatro cantos! Procure-me no 13 andar.” Essa frase estampada em letras garrafais com cores neon afixada na entrada do elevador pescou minha atenção. Fisgada pelo anzol da incoerência literária potencial fiquei tentando encontrar o erro, mas fui sabotada: o peixe morre é pela boca!
- O que seriam verdades invioláveis? Cravei a pergunta e o moço de terno grafite com os olhos vibrantes e sorriso solto, respondeu (apesar de a pergunta ser interna, mas soltei ao vento e ele pegou e...).
- Verdades que não podem ser reveladas? Prazer, sou Neto. Estendendo a mão para um cumprimento. Estiquei-me e permiti um aperto de mão, mas logo abaixei o olhar, a pergunta não era pra ele.
- Em tempos de enganação, feliz é quem pode trazer à luz da verdade.
- É. Talvez.
- Não acredita no poder da física quântica como energia espiritual capaz de mudar qualquer coisa?
- É física quântica? Pensei fosse vidente. Oh! Surpresa.
- Sabe o que é física quântica?
- O que levou Albert Einstein à Teoria da Relatividade que foi comprovada séculos depois?
- Você restringiu a um fato à aplicação da física quântica. Tem potencial para ir mais adiante... Disse ele como quem desmerecesse o meu conceito exemplo. No meu pensamento a provocação vinha com “que fase hein? Dando ouvidos pra provocadores de elevador. Que ousado ele... Pretencioso.
- Minha área é outra, camarada! Sou de humanas.
- Há um muro que nos separa. Duplo, sintetizando.
- É verdade. Sempre haverá um muro separando as pessoas.
- Eu diria os conceitos. Vou descer aqui no 13.
- Até mais.
- Se quiser romper o muro, aprendendo sobre as verdades invioláveis, caia de pára-quedas qualquer dia desses.

Cheguei no 22, desci e fiquei indignada por não conseguir ficar em silêncio. O peixe morre é pela boca. Quem ignora e faz discurso é idiota ou louco, estou entre eles, é só...
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 12/10/2019
Reeditado em 12/10/2019
Código do texto: T6767738
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