Os rostos que passam
Ando pelas ruas e fico olhando o rosto das pessoas. Elas não me veem, passam indiferentes, ensimesmadas. A decrepitude da alma moderna nos impede de retribuir o olhar do outro. Assim seguimos.
Enquanto isso, a cada pessoa que passa, eu olho para o rosto e fico imaginando um milhão de coisas. E são muitos rostos, eles passam rápido e eu também me pergunto por que eles passam rápido. Perco-me em minhas próprias interpretações por conta da rapidez com que as pessoas passam por mim.
Eu olho para elas e fico imaginando... “como será o nome deste?” “e desta?”, “aquele tem cara de Ígor”... Às vezes, vou além, vejo sofrimento no semblante, olhos tristes, lábios frágeis e fico me indagando o que será os angustia e traz sofrimento, “o que estariam pensando?”. A menina que passa por mim tem um perfume com cheiro de flor, parece preocupada “o que a preocupa?”. O jovem alto e musculoso passa sorrindo, “será que lembrou de algo engraçado?”. Um senhor com bigode passa em sua bicicleta, tem no rosto tristeza, “ou será preocupação?”, o tempo parece ter lhe trazido e deixado aquele ar de tristeza.
E eu? Que rosto eu tenho? Será que alguém também me interpreta?... E por que esses rostos passam tão rápido? Para onde vão? O que fazem ao chegar em casa?
E me perco em minhas próprias interpretações...