SOLIDÃO E DEPRESSÃO.AMIZADE.

Perguntado que coisa era mais admirável entre mortais, respondeu o filósofo grego Aristipo, da escola cirenaica:

“UM HOMEM VIRTUOSO ENTRE OS MUITOS ESTRAGADOS”.

Sendo subjetivo o conhecimento, é percepção individual de cada ser humano. E as percepções não podem ser comparadas com percepções dos outros indivíduos. Elas são únicas, sensorialmente únicas.

É difícil mudar essa equação tão longeva. E esse “estragado” que reportou o pensador cerca as personalidades de inúmeros “estragos”.

Os depressivos estão nesse infindável préstito, aliados ao que deram em sua vida de verdadeira amizade.Têm uma vida idosa depressiva quando muitos festejam intensa alegria e movimentação. Quem para já morreu, só não percebe. O egoísmo distribuído na existência cobra na velhice o isolamento. Existe uma pena que sobrepaira na volatilidade do éter como uma espada de Dâmocles.

A espada é uma alusão que representa a insegurança daqueles com grande poder ou que pensam dele usufruir, o que em visão elástica é sentimento de danação iminente.

Mas esse rendilhado do ser e existir é inevitável. Não se pode pedir compreensão a quem não compreende, sabedoria aos que estão fechados para aprender, educação aos que não se educaram, civilidade a quem não se civilizou, e amizade a quem não pode ser amigo.

E os não virtuosos de alguma forma são levados à solidão, não a que faz crescer, como nos monges, mas a que leva à doença da alma e da mente, submergem em profunda depressão. E ficam ausentes de amizade, necessidade humana.

Ficam insulados, fechados em suas teias, não só em partilhas pessoais, são os que se enredam em hábitos singulares, são invejosos, egoístas, traem a todos, não lhes compete valor que não seja em benefício próprio.

São os néscios sábios. Valha o paradoxo.

A internet tem como um grande laboratório, loucos de todos os gêneros. Tornou-se fácil o que antes era objeto de pesquisa severa e difícil de situar. O que era reservado passou a ser público, o que não se revelava hoje mostra todas as suas garras. Aqui, na vida em geral, não se caminha como na Suiça, nos rincões, protegido pelo “princípio da confiança”, pois se espera de quem convive um padrão de comportamento mínimo. Hoje se vê com claridade essa teatralidade única a que nunca se teve acesso, só em salas fechadas de teatro. E as depressões são vistas, confessadas, sem nenhuma cortina.

Precisamos ver onde está a virtude, lhe dar curso, aumentar a rede de amizade de quem recepciona e troca interlocução que edifica, e é virtuoso, e convocar para neutralizar a depressão que se alastra nesse conturbado mundo.É uma grande forma de humanismo.

Quando alguém está longe da virtude, isto fica claro para os que a têm, mesmo pouco, tudo fica mais claro.”Extrema si tangunt”; os extremos se tocam.

São Bernardo, ensinava: “Uns sabem só para serem sabedores, e é soberba; outros sabem para serem sabidos, e é vanglória; outros para ganhar, e é avareza; outros para se edificar; e é prudência; outros finalmente para edificar o próximo, e é caridade”. Creio que muitos estacionam nas duas primeiras classes e poucos cheguem nas duas últimas.

Nos braços da leveza é necessário distribuir mais amor.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 11/10/2019
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