A DENOTAÇÃO DE DEITAR E ROLAR
”Deitar e rolar” não é absolutamente conotativo.
A expressão pode parecer simplista ou sem sentido. Mas, no fundo, ela se circunscreve com elevada eficiência.
Possuir a esfericidade física pode não ser tudo que o objeto ou a criatura necessitam para tornar as diversas situações realizáveis ou acessíveis.
É imprescindível à coisa, entretanto, se adequar a um formato arredondado. A conformação circular proporciona aos seres a capacidade de rolar, subir montanhas, despencar pelas rampas, fugir de empecilhos, desvencilhar-se de armadilhas diversas, quando os membros não lhes permitirem uma mobilização suficientemente tática.
Os gatos rolam pelo telhado, os cães rolam pela grama, os ursos rolam no gelo, os búfalos rolam na terra ressequida da savana. Os jumentos rolam pelo chão poeirento do sertão. Os escaravelhos fazem bolotas e as conduzem pelas mais íngremes topografias. Eles poem ovos e procriam deitando e rolando nos estrumes. Os astros, constituídos da mais perfeita esfericidade, orbitam pelo cosmo, gravitam com perfeição e projetam luz pelo firmamento, rolando a perder de vista
A criatura humana que não é nem quadrada nem é esférica. Porém, se permite tomar esta conformação para, assim, deitar e rolar.
Ao se defrontar com situações cômodas põe-se a deitar, na mais confortável inércia. Deparando-se com complicações, as faculdades mentais o levam a rolar na relva das mais diversas possibilidades, intrincadas ou menos complexas, ele tem que rolar até se safar delas.
A esfericidade física e intelectual deve proporcionar um “deitar e rolar” até que o homem se acomode às diversas situações.