Nos veios da madeira (BVIW)

Gosto de parar em frente à pracinha e observar o vento com suas mãos de fada mover o balanço de madeira, colocado num galho do antigo chorão, as folhas lembram longas franjas em tons de verde, cobrindo com sombras parte da grama e do balanço que permanece vazio, mas repleto de lembranças, ainda contidas nos veios da madeira e nas cordas que o mantém entrelaçado ao imponente galho.

Essa sensação desse breve balançar vem acompanhada de recordações de infância, memórias de um balanço que tínhamos no quintal e ficava no galho da amoreira, NEM A SOMBRA, de algumas incertezas daqueles dias conseguia interferir na alegria de brincar com minhas irmãs e colher as amoras docinhas... com aroma de fim de tarde. Lembro-me que ficávamos com as mãos e pés tingidos pelos tons de magenta.

E hoje, enquanto escrevia esta crônica as boas lembranças igual aos veios impressos na madeira, fizeram-me companhia, dissiparam algumas tristezas e decepções... meu OLHAR 56, insiste em sorrir e as marcas em minha pele e alma pincelam a cada dia novas descobertas, vencendo desafios, mas a essência do amor, tão intenso, permanece...

***

“Quero tornar-me aquilo que sou: uma criança feita de luz...” Katherine Mansfield