O PESO DA IDADE
Outra noite, devido ao calor, deixei as janelas do quarto abertas. Antes de adormecer profundamente, tive leve sensação de raios ,trovoadas e pancadas de chuvas.
Lá pela madrugada, semiacordado, senti que a temperatura caíra bruscamente. Estava congelado. Mas ao invés de fechar as janelas, agasalhar-me, permaneci inerte. Não tive iniciativa alguma senão ficar encolhido. O peso da idade impedia que meu corpo adotasse qualquer medida para se livrar do incômodo e da forte gripe que adviria no dia seguinte.
Aconselharam-me a ler recomendação contida numa revista japonesa para aliviar um pouco dos transtornos causados pela velhice e ter uma longevidade sadia. A receita é tomar todas as noites, uma dose de saquê contendo flocos de ouro. É dispendioso, mas o efeito surpreende. A receita deve ter fundamento. Assisti há muito tempo, um faroeste, em que o dono do salão fazia-se de médico do lugarejo. Tratava qualquer moléstia com uísque misturado com pepita de ouro socada no pilão, com bom resultado. Vinham gente de todo o canto.