Tempo

Gosto de falar sobre o tempo. Talvez porque, dependendo da ocasião, ele parece passar, ou voar diante dos nossos olhos.

Todas as tardes ouço o sino da igreja tocar a cada uma hora. Há dias que ouço e penso “já?”. Mas há dias que rogo a Deus para que o sino seja tocado. Nesses dias, as tardes são longas, eternas, torturantes. A mente é engolida por vários leões raivosos, ela resiste, mas fica consumida, lenta, talvez inerte.

Há dias em que eu queria dizer para o tempo:

- Você parece gostar de brincar, acho que está passando dos limites.

Talvez o tempo seja uma criança, por isso ele brinca tanto conosco. E eu queria ser sua mãe, para lhe punir e tentar educar a cada vacilo. Talvez assim não ficaríamos tão refém do tempo e, quem sabe, não sofreríamos a cada inconstância.

Zilmara Sooares
Enviado por Zilmara Sooares em 07/10/2019
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