MAR DE PALAVRAS.

Eu sempre fui poeta, na essência poeta, entretanto, coisa de seis anos atrás, eu não pensava em ser prosador. De repente, entre tentativas e falhas, surgiu a primeira história, e com ela todas as outras.

As considero horrendas, mas, procuro a cada dia melhorar, fazer diferente, seguir o exemplo de meus contemporâneos. Escrever não é uma coisa fácil, e nem deve ser... Escrever tem que ser difícil, trabalhoso, existe um mistério nessa gloriosa arte, em toda essa dificuldade criativa, quer dizer, não é somente colocar palavras no papel, é muito mais. Como bem disse Luiz Ruffato em uma entrevista, 'O escritor pega a memória coletiva, as transforma em palavras no papel. Uma vez lida essas histórias, elas voltam a ser memória coletiva'.

Eu acredito que o escritor tem esse papel, o de ser o veículo da memória coletiva, as transformando, transportando, modificando, refazendo a todo instante. Como eu disse no início, nunca pensei que seria possível tal coisa, hoje, vejo realizada coisas que eram impossíveis no meu ponto de vista. A impossibilidade cai diante do tempo, àquilo que não era passa a ser torna-se real.

Às vezes tenho vontade de retornar ao passado, voltar no tempo e dizer a minha antiga versão sobre as coisas do futuro. Tudo o que estava por criar, tudo o que estava por vivenciar, dizer para meu antigo eu que muitos dos meus medos tornaram-se realidade... Não sei se seria a coisa certa a ser feita, mas se houvesse uma possibilidade, uma única e por menor que seja, eu faria.

Confesso que não tenho muitas expectativas quanto ao futuro. Será que, no futuro, terei o que desejo? É dificil responder, mais ainda em imaginar. Eu sei que em um futuro não muito distante, o inimaginável estará diante dos meus olhos, e não é preciso ser profeta para ver isso. Nós estamos evoluindo cientificamente, coisas que antes eram impossíveis, hoje é realidade.

Enquanto vago em tantos pensamentos, filosofando em tantas idéias, comecei a vasculhar em minhas gavetas, vendo uma coisa e outra, justamente nesse processo descubro algo novo, na verdade velho, do passado, poemas, mas com sabor de novo, os vejo com outros olhos.

Vou então retornar às origens poéticas, e por hoje ser apenas poeta. A única prosa desse dia é essa crônica que escrevo, depois dela, caríssimo leitor, será o poeta que assumirá o controle da pena, e assim vou vivendo, sempre à navegar no mar das palavras, dia após dia, navegando sem destino.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 06/10/2019
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