Conspiração do Universo
Para muitos que ainda se dizem ateus; para aqueles que creem, somente pelo simples fato de não serem discriminados; para aqueles que vão aos templos e igrejas julgar o comportamento do sacerdote e tudo o mais à volta, como se estivessem numa reunião social; ou até mesmo para aqueles que frequentam as reuniões espirituais como forma de demonstração de status. Enfim, para todo aquele ser humano que se julga grande conhecedor ou não, das causas divinas, Deus interage para mostrar que nada nessa vida é por acaso.
Como prova incontestável dessa afirmação, transcrevo agora uma das suas formas sutis de alertar-nos de que mesmo com pouco dinheiro pode-se realizar muito nesta vida e que o amor não é uma simples palavra para ser dita ao vento, mas sim, uma forma de viver e consequentemente alcançar o crescimento espiritualmente.
Uma mulher no espaço de um ano e meio, deu a luz há duas crianças com paralisia cerebral. Essa mulher na sua santa ignorância ao se desvencilhar das mesmas, acabou separando o que Deus queria junto, mas...
Juliana, pessoa de origem humilde, com sua bondade contagiante, está sempre pronta a ajudar. Casada. Possui dois filhos naturais e dois adotados, sendo que a última adoção é o pequeno Rômulo que sofre de paralisia cerebral. Ela e seu marido Ernesto, não resistindo ao apelo desta criança, que há dez meses estava largada no orfanato na busca por novos pais, o levaram para casa. Tinha um ano e três meses.
Agnes, pessoa pura que vê a vida com otimismo enfrenta seus problemas com muita disposição, mas sofre por não conseguir engravidar. Jorge, seu marido, sempre procurava convencê-la a adotar uma criança, já que o problema parecia não ter jeito.
Como Juliana, Agnes também era de origem humilde, possuidora de uma bondade impar, procurava sempre ajudar quem estivesse precisando. Tinha plena consciência de sua deficiência, mas mesmo assim rechaçava a ideia de adoção. Na sua cabeça tinha que dar a luz, e não havia meio de superar esse impasse.
Até o dia em que o destino ao colocá-la na casa da amiga Judite a fez mudar de ideia. Lá ela conheceu o pequeno Remo, de três meses, também portador de paralisia cerebral. Ficou sabendo por ela, a tia do menino, que ele seria entregue a uma instituição para ser adotado, pois a mãe não o queria e ela não tinha como cuidar da criança. Agnes voltou a visitar a amiga mais algumas vezes e em todas elas não deixou de nutrir a vontade de ficar com aquela criança.
Quando a criança foi entregue no orfanato, ela de acordo com seu marido resolveu adotá-la. Por ser uma criança deficiente, sua amiga, a oficial de justiça responsável pelo processo, sabendo de sua relutância em adotar uma criança, por ocasião da assinatura dos papeis tentou dissuadi-la, fazendo-lhe ver o quanto seria difícil sua dedicação integral. Entretanto Agnes estava convicta de sua decisão.
Praticamente essas adoções se deram quase que simultâneas. Tanto Juliana como Agnes sabiam quando as adotaram da discriminação e dificuldades que aquelas crianças iriam enfrentar. Na verdade, não só as crianças, mas elas também. Mesmo assim nunca esmoreceram, não seria por falta de amor e carinho que as crianças sofreriam e elas lutavam como verdadeiras leoas nos últimos anos para dar-lhes o melhor.
Devido à deficiência das crianças, elas eram levadas, por suas mães, quatro vezes por semana ao posto médico da região para fazer fisioterapia. Esse processo era realizado, já há três anos e justamente aqui, neste local, a providencia divina se fez presente com sua sutileza. Por um impedimento da fisioterapeuta da parte da manhã foi marcada para à tarde a seção de fisioterapia do pequeno Remo.
Como sempre na hora marcada, lá estava Juliana com o Rômulo esperando ser chamada para ele fazer seus exercícios. Nesse meio tempo também chegou Agnes com o Remo. As atendentes tinham marcado para o mesmo horário os seus exercícios.
Sentadas uma ao lado da outra com seus filhos ao colo, conversavam esperando serem chamadas, até que, Juliana muito observadora, notando certa semelhança entre as crianças perguntou a nova conhecida se aquela criança era seu filho natural. Sabendo ser ele também adotado, procurou saber o nome da mãe. Para sua surpresa a mãe biológica de Remo era a mesma de Rômulo.
Aquelas duas crianças que, por uma fraqueza, foram descartadas e separadas pela própria mãe, agora criadas por pessoas diferentes, eram novamente postas lado a lado. E um detalhe que não pode deixar de ser mencionado. Por incrível que possa parecer, mesmo com as acentuadas deficiências mentais, no convívio diário que passaram a ter, eles davam a entender que sabiam ser irmãos.
Deus com a sua sabedoria nos mostra: – Não existem barreiras que não possam ser vencidas quando fazemos uso do amor.
11/03/99