QUEM SOMOS AFINAL?

Quem sou eu afinal? Reside nessa interrogação o ser ou não ser amigo de si mesmo.

Sou o que não sou e quis ser (Seria isso? É isso?), filho da pretensão que gerou a paternidade da ficção. Com esse perfil ficto o mundo não me conheceu como pretendi ser e nem como sou. Me fiz um nada por querer ser o que não era nem poderia ser. Paguei por não ser como sou e pago mais e muito pela soberba que me isolou de mim e do mundo.

Entendo agora porque não fui compreendido ainda que sendo um ser. Fui um ser de mentira, um ser que não foi, virei meu rosto para minha identidade, esqueci que sendo o que era já era muito, era filho de Deus, descendente de David e Cristo. Não fui ou sou pessoa integral, perdi a identidade a tempo de ser. Não aceitei fatores pessoais que saltam aos olhos de qualquer um, falados com simplicidade e sem ritualística verbal, um verdadeiro repositório de autoajuda, tão festejado atualmente.

Me tornei o espelho da vaidade, a recusa da identidade que morre nas garras da depressão, da irrealidade. É sempre tempo de rever, recuperar, entender, abrir o coração.

Entender que nossos limites são traçados sem retornos, que o tempo não faz digressão, nascemos para sermos o que somos, entre lutas e conquistas o que somos seremos desde que despojados de vaidade para sermos ao menos o que viremos a ser com humildade e singeleza.

Em sentido contrário insistir, sem respeitar nossos reais horizontes, desembocamos na indesejada mistura do amargor vestido de desilusão. A passagem é breve. Punidos serão os que não a entendem e vivem com irrealidade.

Sermos amigos de nós mesmos para sermos pessoas, sempre há tempo para sermos o que somos. Essa a essência.

Você se quis assim, e não o mundo, o “sou revoltado porque o mundo quis” não funciona, o mundo nunca prestou atenção em você, não sabe que você existe, salve-se dos seus traumas de infância. Não disfarce sua humildade, arrogância nua aos olhos avisados das analogias.

Não se ajudando procure um conselheiro amigo que possa te ouvir.Não esqueça, sem amizade por si próprio, nunca haverá progresso, é o que restará, dizia Sêneca dois mil anos atrás. Ficará enredado em suas próprias angústias e será seu pior inimigo.

É nossa a liberdade de escolha, vontade ficta deve ser repelida, imaginosa e imaginária, escorregadia no terreno alheio ao que somos, gerando o pântano da desordem espiritual, nos levando ao caos como ser existencial. Barrar nossos limites que teimamos em não enxergar, pretendendo ser mais do que somos é necessário para ordenar nosso ser. Precisamos enquanto vivemos, na curta passagem que é um sopro como percebia Santo Agostinho, fazer valer nossos sonhos e nossa liberdade, pois tudo que vive é sagrado.

Sem tal posicionamento seriamos um espírito que vagueia em busca de sua razão corpórea irrealizada, mesmo após a passagem para outros espaços no transcendentalismo acreditado pelas razões encontradas na fé.

Que o Cristo seja renovação, melhore a todos nós para que sejamos sinceros com nossas verdades, com nós mesmos, com nosso mundo imodificável, entendendo que não somos o mundo mas do mundo e nossa estatura é do tamanho dado por Cristo e seu Pai, para assim podermos realizar nossos sonhos. Poderemos então nessa visão de realidade, perceber que não somos mais do que somos mesmo que tentemos ou nos enganemos, mas o que somos devemos ser, fazer e existir e por isso lutar.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 04/10/2019
Reeditado em 04/10/2019
Código do texto: T6761007
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.