O "pobre de direita" ou o cavalo campeão [com perdão aos ofendidos, mas à luz do dia é preciso]
O animal mais veloz, robusto e resistente. Orgulhoso de suas capacidades. Ávido para demonstra-las aos seus donos. Obediente. Nem foi preciso muito treino. Já nasceu sabendo que dá conta do recado. Este é o cavalo campeão. Mas ainda é "um" cavalo... sua vontade é sua prisão. Corre atrás, na corrida, em que apenas os melhores
vencerão. Tem aquela fé que um dia conseguirá vencer, ou ao menos, chegar entre os quatro primeiros. Mas ele não se importa com estatísticas e fatos. Se importa com aquilo que o seu coração antigo deseja. Conhecido como "pobre de direita". Ele é aquele que naturaliza a própria escravidão. Serve mais ao patrão do que à própria família. Se soubesse que é usado, tratado como um ser inferior por quem defende e ama, a isto perceberia. Lhe tenho pena, mas ele não. Na igreja, eu sou o demônio amaldiçoado. Penso nele, como em todos, na hora de pensar com a razão. Penso se ele não gostaria de viver em um país igualitário, como a Finlândia. Se não gostaria de ter tempo pra si mesmo. Ele me chama de esquerdopata, comunista, viado, vagabundo, criminoso, degenerado, pecador.. Nem me conhece. Mas acredita que não é preciso para quem se doutrinou a odiar. Eu ameaço seu modo de vida: seu ego onipresente, sua esperança conivente, sua ignorância elementar. O trabalho ocupando o espaço do seu tempo. Sendo servido ao moinho de gente. No domingo, ele celebra o rei sol e o churrasco divino: a carnificina de bilhões de vidas e o milagre da multiplicação, de cifrões.