À Psique, Aquele Abraço!

Início de primavera de 2019. Chuva quebra o silêncio da Mantiqueira, eleva o índice de umidade e ameniza as complicações respiratórias.

Enquanto a chuva tamborila nos vidros da janela, encontro em minha caixa de correio eletrônico mensagem sobre a tradição do futebol carioca, o tricolor das Laranjeiras.

A mensagem havia sido garimpada por amigo e guia de turismo, enquanto pesquisava sobre a gastronomia no Rio de Janeiro. Eram fotos do cardápio do restaurante do Fluminense pertencentes à coleção de Olavo Bilac, referentes aos almoços e jantares refinados, preparados para homenagear celebridades da “Belle Époque”. A data de 1922 registrada no cardápio indica a época.

Assinavam o cardápio Gago Coutinho (geógrafo, cartógrafo, navegador e historiador português) e Santos Dumont (aeronauta, esportista e inventor brasileiro – projetista, construtor e piloto dos primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina).

Certamente, os dois celebravam a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia, realizada por Gago Coutinho. Entretanto, tricolores presentes nesse jantar, além de participarem dessa celebração, também aproveitaram o momento para festejar: o tricampeonato de basquetebol (1920-1922); ainda, o campeonato invicto (somente vitórias, sem nenhum ponto perdido) de 1911; o tetracampeonato de tênis dos treze consecutivos, pois mais nove viriam (1919 -1931); e a estreia da equipe tricolor de “Water Polo”.

De volta para o futuro, nesse texto, na noite anterior, no Maracanã, assisti a mais uma atuação do Sobrenatural de Almeida, criação de Nelson Rodrigues, pois o gol de empate do Flu foi contra, numa cabeçada espetacular do defensor do Santos, no “ninho da coruja”.

O time jogava com dois a menos, expulsos por “apitos justos”. O técnico percebe que precisava alterar o posicionamento tático e determina que Ganso recue e define a área de atuação. Ganso se recusa e continua, de forma irresponsável, a jogar como se o time não estivesse com dois a menos. Além disso, ao ser substituído de forma responsável, pois a única alternativa possível seria garantir o empate, saiu xingando o técnico e a ele dirigindo-se e foi contido, suponho, por segurança do Fluminense.

Mas, para que serviriam os fatos por nós experimentados se não fizéssemos reflexões sobre os mesmos, para acrescentarmos entendimento sobre nosso viver?

Nossas reflexões se iniciam, em sua quase totalidade, com perguntas em busca de porquês. Por que Ganso, para quem assistiu suas primeiras partidas pelo Santos, aquele exagero de talento, que lhe garantiria estar na memória do futebol junto à Ademir da Guia, Didi, Gerson...

transformou-se nesse jogador, cujas apresentações pelo fluminense, em sua maioria, foram sem brilho e improdutivas? Por que a da noite anterior nos reportou a outra pelo Santos de grande talento, mas, também coroada por irresponsabilidade e indisciplina?

Por que o Fluminense, num passado não muito distante foi rebaixado para segunda e depois para a terceira divisão e corre o risco de cair mais uma vez para a “segundona”, nesse ano de 2019? Por que o mesmo risco corre o Cruzeiro, o Palestra de Minas Gerais? Por que o Atlético Paranaense e o Grêmio do Rio Grande do Sul, com muito menos recursos financeiros investidos consegue tão expressivos resultados, assim como Flamengo e Palmeiras, nesse ano de 2019?

Nossas respostas, por sua vez, muitas delas, mesmo que a façamos sem consciência, se realizam por experimentarmos eventos que sugerem sincronia entre os mesmos. Respostas geridas e geradas pela sincronia desses eventos.

Nosso atual interesse é sobre sonhos. Para tal foi necessário e estamos concluindo, dentro do que julgamos satisfatório, pesquisa sobre os fundamentos da psicologia junguiana. Fundamentos desenvolvidos por Carl Jung que, também, é quem desenvolveu sobre “sincronicidade”.

Foram os eventos: o recebimento dos cardápios de 1922 do restaurante do Fluminense; o evento Ganso na partida do Fluminense contra o Santos no Maracanã; o interesse atual sobre sonhos; e a apropriação necessária sobre os fundamentos da psicologia junguiana que responderam.

Instituição e seres humanos são semelhantes como sistema. A administração das instituições e a psique dos homens são os maiores responsáveis sobre seus resultados. Os comportamentos, as decisões e escolhas dos Três Poderes de nossa República são os maiores responsáveis pelos resultados. De mesma forma, os poderes de um Clube; bem como para nós humanos, a psique é determinante em nossos comportamentos, decisões e escolhas.

Mas, os poderes de repúblicas, ou de clubes ou de qualquer outra instituição se constituem de humanos...

Assim, quando os cientistas políticos justificam com os vícios: fisiologismo; patrimonialismo; corporativismo; e a corrupção, como sendo os grandes responsáveis pela miséria, injustiça, insegurança pública e social etc. percebe-se nesse diagnóstico carência de complementação sobre as razões desses vícios: psiques desarmonizadas e, ou doentes com poder decisório.

Quem traz o equilíbrio das finanças, faz crescer o patrimônio e conquista títulos para um clube é sua administração. Quem promove o desenvolvimento de uma nação são seus governantes, no caso das repúblicas os gestores de suas estruturas de poder.

No caso individual, Gilberto Gil em sua composição “Aquele Abraço” transmite com maestria esse recado “... Meu caminho pelo mundo/ Eu mesmo traço/ Que a Bahia já me deu/ Régua e compasso/ Quem sabe de mim sou eu /Aquele abraço!...”.

Conhecer-se a si mesmo é: saberes sobre ti; teres entendimento sobre a régua e o compasso que a Terra te emprestou, para saberes traçar teu caminho pelo mundo. O conhecimento sobre tua psique, o quanto ela pode te ajudar, ou prejudicar, te facilita o êxito nessa escolha.

À psique nossa de cada dia, aquele abraço!

J Coelho
Enviado por J Coelho em 01/10/2019
Reeditado em 01/10/2019
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