NAMASTE ÁS NORMAS
Proprietário de imóvel rural nos arredores da cidade, dedicava-se à criação de pequenos animais, leitoas, carneiros. Ele mesmo os abatia na propriedade e os levava ao açougue para vendê-los.
Certo ano, convidou o pessoal do banco para ir à festa junina que promoveria em seu imóvel, com baile caipira, churrasco, ofício religioso...
Como constantemente dava trabalho para receber os seus débitos, o gerente recomendou que ninguém aceitasse. Eu e outro colega, ligados à assistência creditícia, dizemos sim em respeito ao cliente e cidadão.
O fazendeiro fez questão que rezasse o terço junto com o pessoal aglomerado no terreiro para secagem de café. Mais que depressa fui-me inteirar do procedimento...
Mas na noite do evento, mal comecei a oração, caiu uma chuva torrencial. Corremos todos para uma cobertura de encerado...
-Mau presságio, exclamaram, interromper um terço...
Decorridas umas semanas, soubemos que o fazendeiro tinha vendido tudo e desaparecido sem pagar ninguém. O crédito do banco estava assegurado pela hipoteca do imóvel. Ainda bem...
O mau agouro se concretizava. Nunca interromper um terço, afirmavam as beatas. E sacrificar animais com as próprias mãos...Eles possuem espiritualidade...