Minha Vida em Brasília – Episódio 38
O ambiente universitário era muito bom na segunda metade dos anos 70. Alimentávamos sonhos e projetos de crescimento profissional estimulados pela docência composta de bons professores, que desejava ver a economia do país entrar novamente nos trilhos. Aqui faço um pequeno resgate da situação econômica à época.
No início dos anos 70, o Governo criou o I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND) para ser implantado nas décadas seguintes. O Plano previa investimentos em ciência e tecnologia e a expansão das indústrias naval, siderúrgica e petroquímica. Os Ministros João Paulo dos Reis Velloso (Planejamento) e Mário Henrique Simonsen (Fazenda) traçaram o programa de Metas e Bases para a Ação de Governo de 1970 até 1974, com o objetivo de preparar a infraestrutura necessária à melhoria dos transportes e telecomunicações. Nessa época é que foram construídas a usina hidrelétrica de Itaipu, a Ponte Rio-Niterói e a rodovia Transamazônica. Tudo estava indo muito bem, com o Brasil crescendo mais de 11% ao ano (chegou a crescer 13,2% em 1973). Esse período, que começou em 1969, ficou conhecido como o “Milagre Brasileiro”. Mas a crise do petróleo de 1974 (*) desmantelou o I PND e mudou os rumos da economia. Foi necessário criar o II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND (1975 -1979), que chegou com uma novidade: todo novo governo teria obrigação de lançar um novo PND, por determinação constitucional.
Foi justamente em meio a esse cenário que nós ingressamos na Faculdade de Ciências Econômicas, que era uma das mais movimentadas da Universidade. Parecia que todos – professores e alunos – estavam tentando achar soluções para o país. Eram muitas matérias publicadas em jornais e revistas, livros e mais livros, noticiários, que debatíamos em sala de aula, Líamos muito. Estudos dos Problemas Brasileiros era disciplina dos debates de ideias e proposições. Nosso professor era um militar da reserva que levava para a sala de aula e criticava tudo o que conhecia de errado no país. Fiquei impressionada com a realidade que ele mostrou sobre o sucateamento das nossas ferrovias. Contou ele que o Brasil havia adquirido dos Estados Unidos, no passado, retalhos de trilhos de várias bitolas diferentes umas das outras, e que havia instalado esses trilhos em pequenos trechos ferroviários, de forma que era impossível percorrer uma longa distância no mesmo trem, que - claro! – possuía eixos diferentes. Eis aí uma das razões do nosso sistema ferroviário continuar inviável até hoje.
Chegou o segundo semestre de 1976 e os resultados das aulas e das provas eram ótimos. Eu amava minha Faculdade. Foi aí que abriram inscrição para um dos concursos públicos mais cobiçados do Brasil.
(*) A crise do petróleo nasceu de conflito no Oriente Médio, quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) impôs um embargo aos países do Ocidente, com forte redução da oferta de óleo bruto no mercado mundial.
O ambiente universitário era muito bom na segunda metade dos anos 70. Alimentávamos sonhos e projetos de crescimento profissional estimulados pela docência composta de bons professores, que desejava ver a economia do país entrar novamente nos trilhos. Aqui faço um pequeno resgate da situação econômica à época.
No início dos anos 70, o Governo criou o I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND) para ser implantado nas décadas seguintes. O Plano previa investimentos em ciência e tecnologia e a expansão das indústrias naval, siderúrgica e petroquímica. Os Ministros João Paulo dos Reis Velloso (Planejamento) e Mário Henrique Simonsen (Fazenda) traçaram o programa de Metas e Bases para a Ação de Governo de 1970 até 1974, com o objetivo de preparar a infraestrutura necessária à melhoria dos transportes e telecomunicações. Nessa época é que foram construídas a usina hidrelétrica de Itaipu, a Ponte Rio-Niterói e a rodovia Transamazônica. Tudo estava indo muito bem, com o Brasil crescendo mais de 11% ao ano (chegou a crescer 13,2% em 1973). Esse período, que começou em 1969, ficou conhecido como o “Milagre Brasileiro”. Mas a crise do petróleo de 1974 (*) desmantelou o I PND e mudou os rumos da economia. Foi necessário criar o II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND (1975 -1979), que chegou com uma novidade: todo novo governo teria obrigação de lançar um novo PND, por determinação constitucional.
Foi justamente em meio a esse cenário que nós ingressamos na Faculdade de Ciências Econômicas, que era uma das mais movimentadas da Universidade. Parecia que todos – professores e alunos – estavam tentando achar soluções para o país. Eram muitas matérias publicadas em jornais e revistas, livros e mais livros, noticiários, que debatíamos em sala de aula, Líamos muito. Estudos dos Problemas Brasileiros era disciplina dos debates de ideias e proposições. Nosso professor era um militar da reserva que levava para a sala de aula e criticava tudo o que conhecia de errado no país. Fiquei impressionada com a realidade que ele mostrou sobre o sucateamento das nossas ferrovias. Contou ele que o Brasil havia adquirido dos Estados Unidos, no passado, retalhos de trilhos de várias bitolas diferentes umas das outras, e que havia instalado esses trilhos em pequenos trechos ferroviários, de forma que era impossível percorrer uma longa distância no mesmo trem, que - claro! – possuía eixos diferentes. Eis aí uma das razões do nosso sistema ferroviário continuar inviável até hoje.
Chegou o segundo semestre de 1976 e os resultados das aulas e das provas eram ótimos. Eu amava minha Faculdade. Foi aí que abriram inscrição para um dos concursos públicos mais cobiçados do Brasil.
(*) A crise do petróleo nasceu de conflito no Oriente Médio, quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) impôs um embargo aos países do Ocidente, com forte redução da oferta de óleo bruto no mercado mundial.