Dos Mimos da Sinhá aos Arroubos dos Sinhôs
No regime de escravidão para os castigos corporais havia outras formas além de chibatas, troncos e ferros. Havia as palmatórias. Pedro Nava as descrevem com requinte e diz que depois de aplicada as mãos que as recebiam pareciam bolas de sangue.
Nem tudo era castigo. A sinhá tinha suas escravas de serviços. Uma ancestral do memorialista tinha 12 de companhia. E todas vestidas iguais e com cor que a sinhá usava. Se sinhá usava luto todas tinham que se vestir de preto ou roxo.
Todas negras tinham que estar cheirosas e cuidadas: peles lustradas, coroas de sempre-vivas, raminhos de ervas de cheiro nos decotes e cabelos amansados e penteados. Para isto usavam óleos macerados com cheiros ou até com banhas. Jeito de agradar a sinhá e alvoroçar sinhô, sinhozinho e todos machos – palavras do memorialista – da propriedade. Pelos cantos se ouvia gemidos de gozos e sussurros, tachos de cobre areados caindo na dispensa. Se engravidassem e fossem dos sinhôs a despudorada era vendida para outras senzalas. Acabavam-se os mimos e companhias.
As sinhás também tinham seus escravos para seus caprichos.
Nava afirma que no Brasil não há nenhum sangue branco sem ter um punhado de sangue negro e nenhum sangue negro com sua porção branca.
Se somos frutos de toda esta miscigenação, temos motivos para sermos mais tolerantes uns com os outros. Processos de ascensão social existem assim como os seus recuos como exemplifica o autor com o ocorrido com seus parentes:
“...é apenas uma boa e tradicional família mineira, cujos representantes mais altos estão na mediania da política provinciana ou retomando a subida pelos degraus das finanças e das profissões liberais. Alguns desceram completamente ao proletariado do campo, como os que eu vi numa fazenda de Caeté, em 1928, casarão vazio de passados esplendores, onde os Pinto Coelho que o habitavam comiam numa mesa sem toalha, dormiam em catres sem lençol e iam para a roça de pés descalços.” (P. 152.)
No regime de escravidão para os castigos corporais havia outras formas além de chibatas, troncos e ferros. Havia as palmatórias. Pedro Nava as descrevem com requinte e diz que depois de aplicada as mãos que as recebiam pareciam bolas de sangue.
Nem tudo era castigo. A sinhá tinha suas escravas de serviços. Uma ancestral do memorialista tinha 12 de companhia. E todas vestidas iguais e com cor que a sinhá usava. Se sinhá usava luto todas tinham que se vestir de preto ou roxo.
Todas negras tinham que estar cheirosas e cuidadas: peles lustradas, coroas de sempre-vivas, raminhos de ervas de cheiro nos decotes e cabelos amansados e penteados. Para isto usavam óleos macerados com cheiros ou até com banhas. Jeito de agradar a sinhá e alvoroçar sinhô, sinhozinho e todos machos – palavras do memorialista – da propriedade. Pelos cantos se ouvia gemidos de gozos e sussurros, tachos de cobre areados caindo na dispensa. Se engravidassem e fossem dos sinhôs a despudorada era vendida para outras senzalas. Acabavam-se os mimos e companhias.
As sinhás também tinham seus escravos para seus caprichos.
Nava afirma que no Brasil não há nenhum sangue branco sem ter um punhado de sangue negro e nenhum sangue negro com sua porção branca.
Se somos frutos de toda esta miscigenação, temos motivos para sermos mais tolerantes uns com os outros. Processos de ascensão social existem assim como os seus recuos como exemplifica o autor com o ocorrido com seus parentes:
“...é apenas uma boa e tradicional família mineira, cujos representantes mais altos estão na mediania da política provinciana ou retomando a subida pelos degraus das finanças e das profissões liberais. Alguns desceram completamente ao proletariado do campo, como os que eu vi numa fazenda de Caeté, em 1928, casarão vazio de passados esplendores, onde os Pinto Coelho que o habitavam comiam numa mesa sem toalha, dormiam em catres sem lençol e iam para a roça de pés descalços.” (P. 152.)
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 26/09/2020.
* NAVA, Pedro. Baú de Ossos. Memórias. 3ª Edição – Livraria José Olympio Editora.
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Lei do Direito Autoral nº 9.610,
de 19 de Fevereiro de 1998.
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