RUMO(s) AO... PARAÍSO !

RUMO(s) AO... PARAÍSO !

Durante esses 30 ANOS o programa RUMOS -- do Banco ITAÚ -- se consolidou como a mais expressiva forma de apoio às Artes e à Cultura (são coisas diferentes) nesse "hospício" chamado Brasil. Petrobrás e Banco Real tiveram algo parecido e pequenas cidades do Paraná ce SP bancaram a edição de livros em outras épocas, desconheço se ainda o fazem. Algumas capitais têm nas suas SECULTs ou Academias literárias programas ou projetos nessa área premiando com edição os autores selecionados, dois ou três das dezenas que concorrem. Aos demais restava a gaveta, hoje a Internet permite a divulgação liberal desse material, por vezes até a venda virtual.

"De idiota ou de louco todo mundo tem um pouco" -- diria o populacho vil -- e meu irmão gêmeo, mais pra louco do que médico, é CONTRA os livros, "contra' os mestres de Capoeira e contra um bocado de outras coisas mais. Argumenta que livros representam árvores mortas, centenas delas e isso -- nos tempos atuais -- é rematada loucura. Fico com o autor (e crítico literário) Paulo Maués, aqui de Belém do Pará, que considera escrever MISSÃO e não profissão e que "nada supera o prazer de sentir o cheiro de seu novo livro e de vê-lo em outras mãos". (*1) Escrever me ALIVIA e isso talvez seja sintoma de loucura... loucura maior é publicar num país sem leitores, exceto para crimes e desgraças nos jornais ou fofocas nas revistas. Tremo quando vejo edições de MIL exemplares, o que se torna idiotice ou loucura, desperdício real de papel. Assisti escritores famosos de Belém -- nos anos 90 -- vendendo 20 ou 30 exemplares na noite de autógrafos e, depois disso, quase não se vende mais, jornaleiros recusam a obra e até livrarias a rejeitam, se você não fôr um "figurão" das Letras. Mesmo assim, tento cumprir o dever ditado por filósofos... "na Vida todo Homem (mulheres também) deve fazer um filho, plantar uma árvore e escrever 1 livro", suponho que nessa ordem. Aos 67 anos não sei se satisfiz a primeira exigência, mas venho tentando desde o ano 200 concretizar a última. Não pelos meios naturais, os concursos literários oficiais -- que exigem INEDITISMO idiota, que desqualifica e põe sob suspeita os próprios jurados -- mas almejando o impossível, o inalcançável patrocínio de empresas, dispostas apenas a apoiar futebol, "Miss camiseta molhada" e pouco mais do que isso, nesse "hospício" que o Brasil teima ser.

Faz uns 10 anos que sonho participar do RUMOS mas meu trabalho poético ainda não tinha gabarito suficiente, nível de qualidade notável... agora tem, até nos contos e crônicas. Entretanto, surgiu um empecilho: aposentado NÃO PODE trabalhar para melhorar sua renda (BPC) de mil reais, "tem que ficar sentado / esperando a morte chegar" -- na visão exata de Raul Seixas -- e, pior, não pode sequer tentar FAZER ARTE, produzir um livro com verba de patrocínio cultural, essa da tal Lei Rouanet, que pouco ou nada fez para mudar o marasmo macunaímico que nos rodeia. E o que se avizinhava pra mim a entrada no Paraíso -- receber o tal mísero "benefício/BPC" -- agora se me assemelha a adentrar "no Inferno"... se me "aposentar" não posso me inscrever no RUMOS, como se a verba para concretizar o projeto proposto (e aprovado) fosse uma RENDA EXTRA, um "presente do céu" para eu gastar à larga com roupas e farras, com viagem para visitar uma tia em São Domingos do Capim ou "no raio que nos parta". Santo Deus, a verba do RUMOS é compromisso sério, é SUBSÍDIO e não dádiva oficial, tem prestação de contas e comprovação filmada da realização do evento.

No país da burocracia insana dificilmente vou "virar essa maré", mas conclamo aos de bom senso REVISAR essa norma, mesmo eu detestando privilégios, recusando-me a ser exceção no todo, sempre uma injustiça. "A César o que é de César", replicou Jesus e quero meu direito a participar do RUMOS... o tal BPC não me é favor algum, paguei OBRIGADO por êle, favelado necessitado que descontou por 9 ANOS E MEIO (nos anos 70) para o INSS e agora aguarda desde 4/junho 2018 por essa demorada "aposentadoria", numa Ditadura mal disfarçada que o Brasil continua sendo.

Pelos jornais de Belém sabe-se que o prefeito atual tem 2 ou 3 aposentadorias... E TRABALHA ! A figura-mor do Estado teria pelo menos meia dúzia e, aí está, mais ativo do que nunca. Já para a plebe ignara -- sustentando com "mil cruzeiros" de bisnetos a filhos -- é proibido ter outra renda, manter-se ativo produzindo, exceto a pachorra de fazer ginástica nos CRAS. O CRAS local, com sucessivos "equívocos" atrasou em mais de 6 meses minha entrada oficial no pedido do benefício, eu que iniciei 8 MESES após a data ideal. Insisto que essa inscrição deve começar 1 ANO ANTES de se completar 60/65 ANOS, caso contrário essa defasagem continua e o Governo Federal só fará esbanjar dinheiro público SEM SANAR o problema. Atualmente há MILHÃO E MEIO de processos sem análise, porque o barnabé bem remunerado precisa examinar apenas 4 ou 5 por dia. Meu pedido tem 10 páginas que são cópias de documentos, mas para LER só umas 3 ou 4... de quanto tempo se precisa para examiná-lo ?! Vivo à luz de velas e cozinhando com carvão em plena Capital e nada me foi perguntado sobre isso, queriam saber somente a minha "renda". Políticos, magistrados, militares (quantos mais ?), até filhas "solteiras" de antigos funcionários públicos trabalham, mesmo tendo "setenta por cento" de velhas aposentadorias... coitado do pobre que ouse fazê-lo, volta à antiga "pindaíba" !

Num país que JOGA NO LIXO livro escolar do programa FNLD (até os de 2020, sou reciclador, sei o que digo !) fazer Cultura ou criar artes é castigo e creio que só o político não tenha VERGONHA de viver às custas da Nação. O idoso quer ser ativo, produzir, TRABALHAR, embora seja "ilegal" ! Quero editar meus livros e hei de fazê-lo... se não viver até lá, alguém irá realizar por mim, meu trabalho de escritor tem qualidade para isso. Parafraseando Bob Dylan "vou bater nas portas do Paraíso", no caso, o programa RUMOS, ao menos para inscrever minhas obras, numa nação que não cansa de afirmar que SOMOS TODOS IGUAIS (falácia que deveria ser retirada da Carta Magna) mas que precisa fazer leis a fim de que todo tipo de minoria seja respeitada.

"Que país é este, Francelino" ?! Desconheço como se faz uma Liminar, todavia pretendo recorrer a ela, se preciso fôr. Meu livro será editado com a Ortografia anterior (*2), NÃO ACEITO nem admito escrever "sob chicote", sendo OBRIGADO a "engolir" essa "patacoada" que trai a memória dos mestres que me ensinaram as primeiras letras.

"NATO" AZEVEDO (em 27/setembro 2019, 6hs)

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OBS: PAULO MAUÉS - (...) "o prazer em ver um livro seu publicado não tem preço, prazer aumentado consideravelmente quando esse livro está nas mãos do leitor". (in O LIBERAL, Belém, 24/julho 2019)

(*2) - NOVA ORTOGRAFIA - "a Lei NÃO RETROAGE", reza a Constituição, mas é só o que tem feito ! Segundo essa premissa, quem aprendeu a Ortografia (e Gramática) oficial, LEGAL e aprovada, em tempos antigos, não tem porque ADOTAR essa nova, já que a lei não retroage. Só quem entrar na escola atualmente deve fazê-lo... somos marionetes das vontades de cada Governo ! Carros foram multados e tiveram as películas arrancadas, mas agora vêm de fábrica com vidros "fumê". E assim vai... cursos de direção foram obrigados a comprar caríssimas máquinas com aulas virtuais de direção, hoje não mais necessárias... quem as indeniza ?!