V e r d a d e
Sem dúvida a verdade, não raro, é meio amarga, é como os bons vinhos, eles são meio amargos mas têm o gosto da vida. A verdade às vezes não só ilumina as pessoas mas até encandeia. Sim, porque ao descobrir a verdade, ao constatar que o que acreditavam era apenas uma armação, ficam encandeadas e, pasmem, preferem continuar com aquela mentira que consideravam verdade.
Por outro lado, há os que se conformam com as meias verdades. Estes são mais cínicos, porque sabem que não existe meia verdade, mas optam por esse faz de conta.
A verdade dói, admito, é dura, rasga fantasias e deleta armações. Pode até demorar, mas um dia ela irrompe e desmascara qualquer farsa. O tempo, como dizia São Paulo, é o senhor da razão.
Sobre a meia verdade não esqueço um oema de Carlos Drummond:
A portada verdade estava abera/ mas só deixava passar/ meia pessoa de cada vez.// Assim não era possível atingir toda a verdade,/ porque a meia pessoa que entrava/ só trazia o perfil de meia verdade.// E a segunda metade/ voltava igualmente com meio perfil./ E os meios perfis não coincidiam// Arrebentaram a porta/ chegaram ao lugar luminoso/ onde verdade esplendia seus fogos./ Era dividida em metades,/ diferentes uma da outra.// Chegou-se a discutir qual a metade mais bela./ Mas carecia optar. Cada um optou conforme/seu capricho, sua ilusão, sua miopia".
Vou ficando por aqui, ainda triste com os que não assimilam a verdade e nem a democracia, com os que endossam as maluquices antidemocráticas. Mas sem o sentimento da raiva, nem rancor e muito menos ódio. Viva a democracia, enquanto ainda vive. Inté.