Rien e Brioches
Fico ainda espantado com certas pessoas que se acham imunes ao que acontece ao seu redor, completamente convictos de que estão numa ilha tranquila e segura, sem nenhum perigo que os ameace. Como estão enganados com a cor da chita! Lembro do que escreveu Luis XVI no seu diário no dia da Tomada da Bastilha: RIEN (nada). E Maria Antonieta quando o palácio foi cercado pelo povo faminto pedindo pão, el mandou que fornecesse o pão, mas um súdito disse que não havia pão, ela então mandou que dessem brioches. Estava completamente alheia à realidade. Na verdade ninguém vive nua ilha da fantasia e nem está seguro em meio aos problemas e dramas da maioria do povo. É bom lembrar John Donne: Nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio: cada ser humano é uma parte do continente, uma parte do todo".
Não adianta viver iludidos, fora da realidade, preocupados apenas com o modismo eas pautas do consumismo, a cultura da aparência. Cito Eduardo Galeano: "Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor; o funeral mais que o morto, as roupas mais que o corpo e a missa mais que Deus".
Precisamos refletir antes que seja tarde demais. Não se brinca com a miséria da maioria do povo. Ninguém vive seguro cercado de miséria. E priu. Inté.