A Deus, Ághata! A Crônica de uma morte anunciada* (23/09/2019)
O país ainda chora a morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, atingida por um tiro de fuzil, quando voltava para casa, com a mãe, na noite de sexta-feira (20), no complexo do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro.
A criança estava dentro de uma Kombi, por volta das 21h30min, quando foi baleada nas costas. Ela chegou a ser levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e em seguida para o hospital Getúlio Vargas, onde morreu depois de passar por uma cirurgia e perder um rim. Deixou na Kombi um saquinho de batatas fritas do McDonald's.
A PM disse que houve confronto e que "eles foram atacados de forma simultânea por marginais daquela localidade". Os moradores desmentiram essa versão dos fatos.
O governo do Estado do Rio afirmou, em nota divulgada domingo (22), que lamenta profundamente a morte da menina Ágatha, assim como a de todas as vítimas inocentes, que perderam suas vidas durante ações policiais. Mas, lamentar não é o bastante. Ágatha foi a 16ª criança vítima de “bala perdida”, este ano, em território Fluminense e a 5ª que não resistiu aos ferimentos e morreu.
A criança foi enterrada no cemitério de Inhaúma, no último domingo (22), sob forte comoção. Amigos e familiares gritaram por justiça e a aplaudiram, por todo o cortejo. Ágatha, a “bondosa”, foi o nome de uma Santa nascida na Sicília e vivida durante o século II. Hoje, é uma triste estatística da violência armada no Brasil.
A Deus, Ágatha!