A festa de setembro* 24/09/2019
Nem bem adentrei a Sólon de Lucena, antiga rua grande de meus pais, deparei -me com os parques de diversões .É quando castelos se erguem no centro da cidade/mãe, materializando a alegria.. O cenatório é de um lindo sonho infantil. Geringonças que se amontoam ali, sob a jura do melhor divertimento.
Maçã do amor; cachorro-quente; algodão-doce; balões infláveis; barraca de tiros; jogos de azar; o sino da igreja; as novenas; a procissão... - A festa de setembro ainda estava lá. Não diria, acanhada; resignada, sim! Mas, talvez, eu que estivesse diferente.
Paro no carrossel e não resisto: - Conservaria ainda a mesma mágica? O “Parque Lima” era o playground de antigamente: Bichinhos, artesanalmente, construídos com a ingenuidade das idades pueris. E aqueles cavalinhos que nem existem mais, levavam-nos para qualquer lugar, mesmo que fincados no eixo da resignação.
E procurei, em cada menino que volteava ao redor do mundo, os rostos de minha infância. Os brinquedos estão ficando mais modernos, e as crianças menos crianças. Assim como este que agora vejo a embalar os beijos adolescentes dos filhos e netos de minha geração... E, antes de entrar na igreja, parei para ouvir a banda filarmônica 26 de julho tocar os seus clássicos dobrados... - Como uma "retreta" de tudo que já foi vivido.
De 14 a 24 de todos os setembros, devotos de Nossa Senhora DaGuia acorrem as suas preces à Catedral dos filhos de Deus, onde as novenas são oferecidas à comunidade na forma da eucaristia; sem deixar de notar o pavilhão, que fica no coração da festa. O religioso e o profano coexistem naquele ambiente: ora lúdico; ora litúrgico... - E as jogatinas se espalham pelo corredor desmedido, conservando as tradições.
A festa de setembro é de renovação espiritual, mas também social. Compatrícios elegem aquela data na vida deles. E retornam para os parentes e amigos, pautados na certeza do abraço e da fé. O que seria de nós se não fosse o renovamento? Aprendi com o escritor de “A Bagaceira” que “Ninguém se perde no caminho da volta, porque voltar é uma forma de renascer”.
Já estou quase do outro lado... - E o que era um retrato esmaecido, vai ficando ainda mais no passado. Obrigado, festa de setembro! Se antes faltava coragem de olhar para trás, agora estou mais confiante por seguir em frente...