A CARIDADE E O ESPELHO
Após pensar um pouco cheguei à conclusão que o espelho e a bondade, apesar da diferença de ambos, gramaticalmente, por exemplo, o primeiro é substantivo; o segundo, adjetivo, já no seu bojo são portadores de alguma semelhança, uma analogia muito interessante. Trata-se da capacidade de refletir. Mas, concomitantemente, há outra diferença gritante. É o seguinte: o espelho só é capaz de refletir quando for posto, colocado voltado para algo luminoso, como o raio do sol ou outra luz. Já a bondade, por sua vez, ao contrário, não precisa de meios externos para demonstrar o seu reflexo, a sua essência, o seu valor, o seu brilho, etc. Pois, embora praticada no mais escuro e isolado sótão, o seu valor, obviamente, ultrapassa a barreira que separa a compreensão humana, atingindo os píncaros, chegando a Deus. Portanto, o valor de uma caridade ou qualquer atitude filantrópica está sempre no seu silêncio. Fazê-lo e depois sair falando aos quatro cantos perde todo o seu valor, a sua essência. E outra coisa, não importa a quem e muito menos o dia ou a hora. Alguém já escreveu o seguinte: “O bem que se faz, mesmo que os homens o esquecem, lembra-se dele Deus e o recompensa”. Portanto, toda atitude generosa, educada, bonita, caridosa, mesmo sendo um simples sorriso, um bom dia, um simples olá, tudo isto embora possa parecer atitudes tão simples, porém seus reflexos são fundamentais, importantes no íntimo de quem os recebe. Agora já imaginou outras atitudes mais práticas, mais redundantes, mais generosas? Isto é muito bom, além de ser muito bonito, mas tudo realizado em surdina, sem estardalhaço, sem comentários banais, esnobismo e assim por diante.