E a inveja, no fim, é somente minha...

Quem deveria ter inveja de quem? Eles de mim ou eu deles? Questiono-me isso a todo momento, pois, por conta de nossas diferentes vidas, meus colegas e eu somos parcialmente... alguma coisa distinta. E direi o porquê disso. Enquanto, na escola, sou muito apontado, pelos professores, como exemplo (coisa que não desejo de coração, pois, diante disso, vejo-me imposto como antagonista para eles, de forma impositiva), eles vivem com o modelo que sinto que eu deveria estar vivendo.

Sabe... sinto-me muito jovem para tudo isso que estão construindo para mim! São caminhos intermináveis, como se minha missão fosse chegar onde eles estão, ainda enquanto sou jovem, e, ao matura, ir além do que eles poderão alcançar. Mas, de contrapartida, fico vendo, pelas janelas, as memórias que nunca terei. E o pior é que não é como se eles tivessem me proibindo diretamente, mas indiretamente. A imagem de estar lá, envolvendo-me com eles, outros garotos e garotas, transcorre o sentido de colapso, destruição e perdição. Apenas isso...

Então, o cenário onde os demais jovens satisfazem-se com as suas genitália e, a minha, de estar satisfazendo-se com as leituras, transpõe o que seria esse eterno confronto hediondo entre certo e errado, o platônico 'modelo normativo de ser'. E por causa disso, sou dado como vestimenta de salvação. Todavia, somente eu, nessa historiar, acaba sentindo inveja do estilo de vida do outro. Sou eu quem está a ver o outro a se divertir em grupo e falando uma mesma língua, enquanto, cada vez mais, é levado para uma espécie de vitrine, em regime fechado, ilusoriamente transcorrendo o imaginar de que tem alguém lutando por uma causa justa e nobre em detrimento utópico.