Somos o que somos
Somos o que somos. Não importa se nos conhecemos, se nos entendemos, se nos aceitamos. Somos o que somos, nossa essência é imutável. Dito isso, acrescento que o despertar é um privilégio. Ele se dá em fases, cada um/a que por ele passa o fará em seu próprio passo, a seu tempo. Em algum momento do meu processo-despertar tive a certeza de “ser uma pessoa” completamente diferente do que era antes e isso me encheu de orgulho. Tempos depois cá estou eu, cercada de amostras do que é, na verdade, estar humano, concluindo que não sou hoje diferente do que era, mas sim tenho maior conhecimento sobre a imensidão do estar e aí sim, do ser — que transcende a condição humana —, ainda que esteja distante de saber o todo. Não é possível saber o todo, outra conclusão a qual chego. Para saber o todo seria necessário estar exposta a todo tipo de situação e não há tempo suficiente para isso nessa limitada jornada nossa, mesmo tendo passado por tanto.
Foi a lição mais difícil, até hoje — sei que tantas outras virão —, me encarar, me abraçar com minhas qualidades e, principalmente com meus defeitos. Entender que quem errou fui eu, independente da justificativa e também fui eu quem acertou. Sem me punir e sem deixar o ego inflar mais do que o saudável.
É muito fácil terceirizar a responsabilidade pelos nossos atos e querer apenas o reconhecimento pelo que de bom fizemos. As consequências virão, inevitavelmente.
Ensinamento ancestral valiosíssimo: olhar o futuro sem se esquecer do passado, fazendo assim valer cada momento do presente. Que haja equilíbrio entre nossas certezas e nossas dúvidas, entre nossas qualidades e defeitos, entre nossas realizações e fracassos e que todas as experiências sejam valorizadas, pois, todas são essenciais para o infindável caminho evolutivo que é ser. Nossa essência é imutável, mas podemos ou permanecer limitados, fadados a repetir a “série”, ou aprender a prepará-la para a expansão além matéria. E embora sejamos parte do todo, essa é uma escolha individual.