O dia de
O sol nasce, entra pela minha janela e faz abrir os meus olhos.
Hoje é dia de. De deveres, obrigações e de sair da rotina, principalmente.
O sol parece estar diferente, parece estar mais forte servindo de chamariz para que o tal dia de seja realmente um dia de. Ou talvez eu enxergue assim para fingir que estou saindo da rotina e que tudo hoje vai ser diferente.
Na janela, uma leve espreguiçada e uma visão geral da paisagem cinza com poucos pontos verdes. O dia é calmo, mas espero agitação. De onde? Até agora não sei de onde virá! A bandeira do alto do prédio do Banespa sim está se agitando, mas ela é rotineira. Todos os dias ela faz a mesma coisa. Não quero ser mais um mastro, uma bandeira. Prefiro ser o vento; afinal ele muda de rumo, conhece novos lugares, viaja não só na maionese e é um dos mais lindos dos Deuses.
O dia de está passando, nada de diferente. Ah! Comprei um peixe . Um peixe diferente, mas não deixa de ser um peixe. Tem os olhos pra fora e seu mundo está restrito a um cubo transparente que limita os seus movimentos. Ele não fala comigo, mas eu com ele. Nós nos entendemos, cada qual a sua maneira.
Tenho mais 10 horas para superar as expectativas que eu mesmo criei para o dia de. Será que dá tempo? Preciso agir. Como? Perdi em algum lugar do planeta o manual e agora não sei qual botão apertar. Apertarei o “on” e deixarei rolar até acabar a energia, depois coloco-me no carregador e estarei pronto pra outra. Outro dia de! Mas peraê! Como outro, tenho esse ainda. Vou nessa. Já não tenho 10 horas. Tenho nove horas e alguns minutos.
O sol ainda está firme, mas já não parece diferente...
Gabriel D´Nasc®