Planejamento familiar. Precisamos conversar sobre isso
Foi o assunto que abordei no meu trabalho de conclusão de curso. Não foi um trabalho impecável, merecedor de nota 100. Mas foi o melhor que a minha mente bagunçada pôde pensar e produzir naquela época, claro, com a ajuda valiosa do meu professor orientador, e de amigos. Já faz uns bons anos que o apresentei, para uma ilustre plateia de dois professores. Adorei que não tinha mais gente. Se fosse uma multidão sentada à minha frente, teria surtado, subido na mesa e feito um strip tease. Descobri que é um assunto estranhamente polêmico pra muitos das esquerdas. Logo, associam o planejamento familiar com "eugenia" nos pobres
. A intenção do meu trabalho foi clara: redução da pobreza.
Mas, como que uma coisa se associa à outra??
Vejamos. Pense naquele ninho de passarinho que você viu um dia desses numa árvore do seu bairro. Para chocar os ovos, o casal de pássaros prepara o ninho antes. Entre os humanos o mesmo acontece, idealmente. Para constituir família, tem que ter um ninho, que pode ser traduzido como: segurança ou estabilidade financeira, com um emprego que ajude a pagar contas e comprar o básico; casa própria ou alugada, enfim, um lugar pra viver, criar os filhos. Pra isso, o governo teria que ajudar quem não nasceu com herança, a ter um patrimônio. Mas, nas condições capitalistas atuais, apenas um bom planejamento familiar para não cair na pobreza e não falo apenas para os mais pobres porque classes média e alta o praticam desde os anos 70. Em condições ideais, mais socialistas, eu diria, mesmo o governo ajudando com tudo, o casal (ou trisal..) deve se preocupar com a quantidade de filhos que porá no mundo, se já tem ser humaninho demais no planeta azul, consumindo e poluindo demais, principalmente nos países mais ricos, enfim. O fator ecológico também ou sempre tem que ser levado em conta.
É uma conta simples. Onde não comem 2, não comerão 4,5,6. Famílias muito pobres geralmente são assim: passarinhos que botam ovos mas não fazem o ninho. Eu sei. Não dá pra colocar toda a culpa em um grupo que têm sido sempre negligenciado de seus direitos mais básicos. Mas também não dá para tratá-los como crianças que não sabem o que fazem. É comum o orgulho ou a autoconfiança do casal, em acreditar que conseguirá dar conta do recado, de segurar as pontas. Uma falta de providência, de planejar o futuro. A penúria e o sofrimento que causa podem ser solucionados, sim. E é necessário falarmos disso, sem amarras ideológicas, da esquerda ou da direita