AUTOCRÍTICA

Sempre que alguém vem à minha residência e se depara com a minha modesta biblioteca, quando ela não sabe nada do meu passado, da minha formação, imediatamente, logo faz a primeira pergunta: “Você estudou o quê e aonde?”. Em seguida completa a indagação achando que ali parece casa de um advogado ou doutor, etc. Todas estas observações deixam no meu íntimo um pouco de frustração. Não que eu gostaria de ter me formado em uma destas profissões citada, aleatoriamente. Pois, pensando bem, na minha juventude, o meu ideal era outro bem diferente - ser padre - e o qual não foi concretizado por motivos alheios à minha vontade e esta é outra e longa história.

Só que gostaria de deixar bem claro que, o fracasso de um ideal, todavia, não significa um pesadelo eterno na formação ou no futuro de uma pessoa. Pois, comigo aconteceu algo neste sentido, tão logo percebi que estava entre a cruz e a caldeirinha, ou seja, num situação muito delicada e precisava tomar uma decisão, imediatamente, o que mudou a minha vida. E aquele meu ardor pelas coisas boas relacionadas à literatura sempre me acompanhou durante toda a minha vida, mesmo após abandonar a carreira que pretendia seguir, que era a sacerdotal. Ou seja, mudei da água para o vinho. Com o passar do tempo, sempre trabalhando em vários lugares, terminei me casando e constituindo família, ma em compensação, o meu gosto e amor pelos livros sempre me acompanhou e é por isso que ainda hoje, até os meus netos fazem aquela fatídica e costumeira pergunta: “Vô, você já leu tudo isto?”. É óbvio que não, pois muitos livros são para pesquisa apenas.

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 16/09/2019
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