CONTADOR DE CONTOS

O som ensurdecedor do motor do coletivo não era maior que a emoção que invadia o coração de Maria Clara.

Ao despedir se dos pequeninos os olhos da contadora de histórias estavam marejados, pois junto àquelas crianças iam muitas lembranças. Muitas histórias enchiam as malas e os corações dos pequenos passageiros, os quais retornavam aos seus lares, após o afastamento de mais de uma semana de seus países de origem.

Maria Clara aceitou com alegria o convite para contar histórias para um grupo de crianças, cujos pais participariam de um Seminário Espiritual. Mas logo compreendeu ter sido o convite um grande desafio, ao tomar conhecimento que seria um Seminário de Espanhol!!! O Conhecimento da jovem pelo idioma, não ia muito além dos tangos de Gardel.

As crianças em numero de dez eram oriundas de quatro países latinos: Peru, México, Bolívia e Argentina. Mesmo sendo o idioma único, a mistura dos sotaques; o fuso horário e as diferenças culturais, dificultaram, em um primeiro momento, a interação com as crianças. Dificuldades essas, que logo foram superadas, quando ao reunir as crianças é inciada a primeira roda de contação de historias tendo a boliviana Izabel como tradutora. Nada diminuiu a graça das histórias nem tampouco o brilho nos olhos dos pequenos. Lampejo de luz esse conhecido por Maria Clara, pois é a confirmação de que o imaginário infantil foi atingido.

Em muitos momentos, os papéis de mestre e de aprendiz alternavam-se, pois com os pequenos ouvintes Maria Clara teve verdadeiras aulas de ternura e encantamento, demonstrando que a linguagem do amor é universal.

A alegria das crianças preenchiam o ambiente produzindo um clima de festa e até de euforia, fazendo com que a intimidade entre a contadora e o grupo fosse aumentada a cada dia que passava. A necessidade do não apegar-se muito aos pequenos "ninos" faz com que a jovem contenha-se por diversas vezes, tentando precaver-se para a tristeza que o afastamento, já tão próximo, provocaria.

Mas o dia da partida chega e as lágrimas nos olhos da "cuenta contos" não passam despercebidas de Ruan, o pequeno querubim com parecença de curumim, que através do vidro opaco do coletivo tenta dizer: não esquecerei suas histórias!! "gracias!!!!

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 15/09/2019
Reeditado em 20/10/2019
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