A TIRANIA DO RELÓGIO.
Como anda o seu tempo?
Talvez as 24 horas não estejam sendo o suficiente para você fazer tudo quanto desejaria. E se o dia tivesse 36 horas ou mais, seriam o suficiente?
Para muitas pessoas a resposta dessa pergunta ainda seria não, acontece que nos dias de atuais, a nossa vida gira em torno dos ponteiros do relógio, do instante em que acordamos ao anoitecer. O dia passa com uma velocidade assombrosa, quando menos percebemos ele já se foi, e metade das coisas que tínhamos para fazer fica para trás. Quem nunca passou por isso, se programou com vários compromissos no decurso do dia, mas… Na metade dele, acontece aquele temido imprevisto, que finda com sua tão bem elaborada programação, tanto que, por mais esforço empregado para ordenar tudo, é ainda insuficiente, o seu dia se transforma em um caos. É a tirania do relógio te impondo o peso do tempo. Todos nós, pelo menos uma vez na vida, passamos por situação semelhante.
Somos prisioneiros do tempo, acorrentados aos ponteiros do relógio, encarcerado entre o tic e o tac. Analisando o que acontece com o nosso tempo, 'tão sem tempo', veremos que, o tempo em si não influencia em nossas vidas; ele é praticamente nulo, embora pareça absurda a idéia, na verdade somos nós, com as nossas atitudes que desfavorecem o nosso próprio tempo. Em outras palavras, criamos os nossos próprio monstro, e o alimentamos muitíssimo bem com a nossa carga diária de afazeres acumulados e a nossa pressa e impaciência em executá-los, rotina que nunca diminui e tem a tendência de aumentar gradativamente, esses são os nossos ingredientes para falta de tempo. É interessante vermos que de maneira nenhuma conseguimos fazer menos coisas, sempre estamos a acrescentar um ou outro compromisso a mais em nossa agenda já apertada. Tentamos certos malabarismos com o nosso tempo, na falha tentativa de obter sucesso, por fim, o dia parece ser pequeno para tantas coisas.
Antigamente, permita-me dizer assim, a impressão que fica em uma análise breve, tendo como base a vida do meu avô, é que o tempo não parecia fazer muito efeito em sua vida e na das pessoas do seu convívio. A sociedade daquela época, mais especificamente a rural, pareciam viver indiferentes a tirania do relógio, vejo nisso, um tempo sem os seus efeitos colaterais tão ameaçadores nos dias de hoje. O meu avô tinha os seus muitos compromissos, era administrador de uma grande fazenda, tudo o que acontecia na fazenda passava por suas mãos, era uma grande responsabilidade, no entanto, em momento nenhum meu avô era visto estressado ou preocupado com alguma coisa que não foi feita, segundo relatos daqueles que trabalharam com ele. Meu avô sempre executou suas tarefas de acordo com o tempo que ele tinha disponível, caso alguma tarefa não fosse concluída, ele não se irritava com o não feito, pelo contrário, ele sempre dizia:'O mundo não vai acabar essa noite, amanhã terminaremos, e se eu não fizer, outro fará'.
Diferente dos dias hodiernos, quando ao depararmos com um compromisso não feito, logo nos vemos em total desespero em imaginar que aquilo ficará para o próximo dia, uma vez que os compromissos já agendados sofrerá a pressão daquele que acumulou. Isso amigos, é a tirania do relógio, nos moldando e nos levando a uma quase loucura.
No ano de 2001, a editora ultimato, lançou um livro de 144 páginas por título de; "Livres da tirania da urgência". O seu autor era Charles Hummel. Neste livro vemos uma abordagem ampliada e atual do clássico livro, "A tirania do urgente". - Com mais de 1 milhão de exemplares vendidos - O autor mostra o ensinamento bíblico sobre a administração do tempo, e oferecendo ao leitor ilustrações e dicas práticas sobre como fazer a diferença entre tentar administrar o "Tempo" e administrar a "Vida". Um dos grandes vilões do tempo é o advento tecnológico e as mídias sociais, tendo por exemplo o Whatsapp e o Facebook, entre outras também de grande importância. Essas tecnologias não tinham na época de nossos avós, motivo que, o tempo deles eram tão bem administrados e não tinha desperdício, mas neste mundo de hoje, tecnologia é o coração da sociedade, que não sabe mais viver sem ela.
Para se ter uma ideia, a pesquisa "Futuro digital em foco Brasil 2015" ( digital future focus brasil 2015 ), divulgada pela consultoria conscore, mostra que os brasileiros são líderes no tempo gasto nas redes sociais. A nossa média é 60% maior do que o resto do planeta, logo atrás do Brasil vem as Filipinas, Tailândia, Colômbia e Peru. Simplesmente nós Brasileiros gastamos 650 horas por mês em redes sociais. O segundo lugar ficou com os portais de notícias e entretenimentos, com 290 horas. O Facebook ( sempre ele ) é a maior rede social em número de visitantes únicos, são 58 milhões, o que representa um alcance de 78% do total de usuários no Brasil.
A tirania do relógio está muito presente em nosso dia a dia, mas a culpa não é do tempo em si que encurtou, nós encurtamos o nosso próprio tempo, desperdiçando-o com tantos atrativos que existem por aí cada vez mais chamativos. As tendências parecem apontar para uma tirania ainda mais 'tirânica', por assim dizermos. A cada dia, a cada nova tecnologia, somos levados a um estresse altíssimo, justamente devido a falta de tempo mediante ao acúmulo de tarefas e compromissos.
Buscamos inúmeras soluções que nunca funcionam, terapias, yoga, entre outras, no entanto, o mais simples a se fazer, é o que justamente ninguém quer fazer; "Deixar de lado Whatsapp e o Facebook" considerando que essas mídias sociais nos consomem 650 horas por mês, seria uma inteligente solução diminuir esse número pelo menos na metade, enquanto isso não é feito, sofreremos com a 'tirania do relógio'.