E eu não me esqueço de você!

Chovia, estava frio, era tarde. Escrevia algumas indagações sobre o que fazer com o vazio e coisas afins. Pude constatar que eu não me esqueço de você. Pensei em escrever algo singelo que alcançasse o alívio da dor mas, às vezes, a dor se esconde num sorriso, numa euforia ou num lindo dia de sol. Gostaria de escrever algo que te dissesse que quase tudo passou, que o vento trouxe novas cores ou que a esperança renovou contrato com a vida. Gostaria de escrever sobre a saudade que, embora me faça parar no tempo por algum tempo, me faz entender que sentir saudade é uma maneira de saber que estamos vivos. Talvez seja por isso que eu não me esqueço de você. Gostaria de escrever sobre a infância, para poder contornar meus desenhos e tornar mais forte o desejo de tudo aquilo que eu sempre achei lindo. Talvez seja coisa da minha cabeça, mas acho que é uma forma de manter vivo o contorno do bem que quero pra mim. E, talvez, realmente seja coisa da minha cabeça. Gostaria de escrever ou desenhar os abraços apertados pra tentar representar, de alguma forma, o que é se sentir abraçado. Este é mais um dos motivos pelos quais eu não me esqueço de você. E nessa ânsia de querer escrever, gostaria de falar sobre as linhas de carinho que tracei para encontrar refúgio no amor. E quer saber?! O amor me abraçou.Entre muitas outras coisas, gostaria de escrever sobre a realidade dos dias que se passaram, que ficaram ou que ainda viveremos, mesmo que na imaginação, amargos ou não, só pra te trazer mais pra perto de mim. Continuando a gastar o tempo, gostaria de escrever pra ver se o coração entende que um coração se parte por várias razões, inclusive por eu não me esquecer de você.De um jeito bem meu, bem estranho e incisivo, assim como a vida nos parece em alguns momentos, estava procurando escrever para tentar explicar que os momentos pelos quais fechamos os olhos são muito únicos e criam algum tipo de vida na solidão. E até a solidão nos abraça. Pode ser agradável quando o jeito é aceitar que não há fórmula para aquilo que não entendemos. E a gente entende, né?! Gostaria muito de escrever algo que definisse o indefinido, que alcançasse a ideia da lembrança pungente que diz: é! E eu realmente não me esqueço de você!

Mari Gargano
Enviado por Mari Gargano em 15/09/2019
Código do texto: T6745314
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