A janela do ônibus
Depois de um dia cheio no trabalho, pego o ônibus das 18:00 h. Ocupo o último assento onde isolo-me dos outros passageiros. Encosto o cenho na janela e penso quantas pessoas já fizeram essa mesma cousa.
Do outro lado está a cidade parada, e de cá eu, vagando em lágrimas profundas. Lágrimas incapazes de fugirem aos olhos. Cerrei os olhos para não mais chorar.
Mas dentro de mim as entranhas confundem-se com sensações. Externamente, estou de pernas cruzadas, fones no ouvido, celular na mão e muda. Internamente, estou com as pernas pregadas no chão por chutes, ouvidos fincados para palavras afáveis e garganta rouca de gritos inespremíveis e ingritaveis.
Sairei deste veículo, e todos esses devaneios ficarão aqui.
A janela ficará aqui.
E outra vez, uma pessoa comum, neste veículo comum, entrará, colocará o cenho na mesma janela e chorará.