Ainda existem as guerras
Num campo de batalha, havia homens armados em dois exércitos, um contra o outro. Todos fortemente armados e ambos com potenciais possibilidades de vitória; o confronto seria exterminador, poucos soldados sobrariam. E depois da sangrenta batalha, lamentariam a vitória, pois ninguém sairia vitorioso. Mas, antes dos ataques, eis que acontece o inesperado, sucede um cataclismo, um abalo brusco e de grande amplitude elimina esses dois exércitos, aniquilando homens e armas. Ninguém foi vitorioso, tampouco perdedor, contradizendo o “se queres paz, prepara a guerra”: Despreparou-se a guerra, e resultou a paz, embora a paz entre os mortos...
Situação bem parecida foi a de uma pequena aldeia de um país ocupado, durante a segunda guerra, cuja população estava sitiada por inúmeros tanques invasores. De repente, escuta-se um bombardeio ensurdecedor que arrasa esses tanques, eliminando o inimigo. Com o silêncio, cresceu a esperança ou a ilusão de que a guerra tinha terminado definitivamente; que aquela aldeia teria vencido sem algum sentimento de resistência, favorecida por aqueles aviões anônimos. Assim são as circunstâncias da guerra, onde e quando ninguém escapa da violência. E sabemos que ainda continua a haver guerras nos dias de hoje.
Individualmente, pratica-se também a violência contra a carne e o sangue, desde que haja armas. Por exemplo, lutar até morrer ou sobreviver parecia ser o dilema vivenciado entre os gladiadores, cujos jogos “oficiais” foram repassados das arenas etruscas ao Coliseu romano. Os lutadores não se divertiam como em qualquer jogo; sacrificavam-se para o que o sanguinário público vibrasse, apreciando os golpes fatais, que resultariam em infâmia ao morto ou em glória ao vencedor. O perdedor somente reconquistaria sua reputação após a sobrevivência em várias lutas, e também, ao perder, se fosse perdoado pelo polegar do César voltado para cima. Depois de muito tempo de barbaridade, esses jogos romanos receberam influência dos gregos filósofos, dos espartanos, dos estoicos romanos e passaram a ser “humanizados”, disputa sem morte ou apenas jogos olímpicos. Assim se configurava a luta mortal e individual, sem ser no campo da batalha. Quanto à violência, chamá-la de “violência individual é uma qualificação equivocada”, qualquer que seja ela sempre afetará o corpo social. Individualizar a violência? Até os fatos de nascer e de morrer, mesmo considerando num só indivíduo, repercutem no tecido social, como acontece com as células no tecido epitelial do nosso corpo.
É um insulto à racionalidade humana falar em invadir e provocar guerra nos dias de hoje. De certa maneira, Max Weber nos ajuda a diferenciarmos “as guerras europeias” das “guerras das tribos cafres”; tais acontecimentos gozam de um relativismo enorme, sob o ponto de vista sociocultural. A experiência histórica, nas sociedades consideradas avançadas, é um bom aviso do que seja a guerra. Seria um absurdo desconhecer essa realidade ou não estar consciente do que seja a guerra. Os gregos, amamentados pela Filosofia, não acreditavam na sua própria mitologia. O tempo, na sua historicidade, amadurece as civilizações de modo muito relativo. Nesse sentido, podemos assegurar que os primitivos não chegaram a ter a ideia ou a visão do futuro como a dos jovens ou dos adultos de hoje. Somos nesse aspecto privilegiados. Somente nós, que já experimentamos a história da evolução histórica, temos essa consciente maior visão do mundo. E por que não perceber que as guerras ainda acontecem? Por que elas ainda nos são prometidas? Ela que profana os templos, derruba as casas, mata as famílias, em nome dos que matam e em nome dos que morrem...
Num campo de batalha, havia homens armados em dois exércitos, um contra o outro. Todos fortemente armados e ambos com potenciais possibilidades de vitória; o confronto seria exterminador, poucos soldados sobrariam. E depois da sangrenta batalha, lamentariam a vitória, pois ninguém sairia vitorioso. Mas, antes dos ataques, eis que acontece o inesperado, sucede um cataclismo, um abalo brusco e de grande amplitude elimina esses dois exércitos, aniquilando homens e armas. Ninguém foi vitorioso, tampouco perdedor, contradizendo o “se queres paz, prepara a guerra”: Despreparou-se a guerra, e resultou a paz, embora a paz entre os mortos...
Situação bem parecida foi a de uma pequena aldeia de um país ocupado, durante a segunda guerra, cuja população estava sitiada por inúmeros tanques invasores. De repente, escuta-se um bombardeio ensurdecedor que arrasa esses tanques, eliminando o inimigo. Com o silêncio, cresceu a esperança ou a ilusão de que a guerra tinha terminado definitivamente; que aquela aldeia teria vencido sem algum sentimento de resistência, favorecida por aqueles aviões anônimos. Assim são as circunstâncias da guerra, onde e quando ninguém escapa da violência. E sabemos que ainda continua a haver guerras nos dias de hoje.
Individualmente, pratica-se também a violência contra a carne e o sangue, desde que haja armas. Por exemplo, lutar até morrer ou sobreviver parecia ser o dilema vivenciado entre os gladiadores, cujos jogos “oficiais” foram repassados das arenas etruscas ao Coliseu romano. Os lutadores não se divertiam como em qualquer jogo; sacrificavam-se para o que o sanguinário público vibrasse, apreciando os golpes fatais, que resultariam em infâmia ao morto ou em glória ao vencedor. O perdedor somente reconquistaria sua reputação após a sobrevivência em várias lutas, e também, ao perder, se fosse perdoado pelo polegar do César voltado para cima. Depois de muito tempo de barbaridade, esses jogos romanos receberam influência dos gregos filósofos, dos espartanos, dos estoicos romanos e passaram a ser “humanizados”, disputa sem morte ou apenas jogos olímpicos. Assim se configurava a luta mortal e individual, sem ser no campo da batalha. Quanto à violência, chamá-la de “violência individual é uma qualificação equivocada”, qualquer que seja ela sempre afetará o corpo social. Individualizar a violência? Até os fatos de nascer e de morrer, mesmo considerando num só indivíduo, repercutem no tecido social, como acontece com as células no tecido epitelial do nosso corpo.
É um insulto à racionalidade humana falar em invadir e provocar guerra nos dias de hoje. De certa maneira, Max Weber nos ajuda a diferenciarmos “as guerras europeias” das “guerras das tribos cafres”; tais acontecimentos gozam de um relativismo enorme, sob o ponto de vista sociocultural. A experiência histórica, nas sociedades consideradas avançadas, é um bom aviso do que seja a guerra. Seria um absurdo desconhecer essa realidade ou não estar consciente do que seja a guerra. Os gregos, amamentados pela Filosofia, não acreditavam na sua própria mitologia. O tempo, na sua historicidade, amadurece as civilizações de modo muito relativo. Nesse sentido, podemos assegurar que os primitivos não chegaram a ter a ideia ou a visão do futuro como a dos jovens ou dos adultos de hoje. Somos nesse aspecto privilegiados. Somente nós, que já experimentamos a história da evolução histórica, temos essa consciente maior visão do mundo. E por que não perceber que as guerras ainda acontecem? Por que elas ainda nos são prometidas? Ela que profana os templos, derruba as casas, mata as famílias, em nome dos que matam e em nome dos que morrem...