Daqui de dentro
Desperto ao som dos cantos leigos, vejo o sol da alvorada clarear minha escuridão sorrateira.
Sinto o calor dos raios penetrando através de minha pele juvenil. Calado, sigo meu destino.
Há diferenças entre os ambientes e as pessoas, viso o comportamento de ambos, afim de diagnosticar uma doença chamada rotina.
Tento me diversificar, porém só me pareço mais com as pessoas. Tenho que me destacar, caso o contrário não serei valorizado ou sequer conquistarei algo.
Tantas lembranças me vem a cabeça, desde quando eu era uma criança, até os dias em que se passa. Alegre, feliz e altruísta, são algumas características do meu ser, em sua infância.
Atualmente nem se tem notícia de “altruísmo”, a não ser que lhe paguem de alguma forma pra que faças algo à alguém, mas então não seria altruísmo não é?
Pego o ônibus às 5:30 da manhã. Vou em direção à escola, escuto música para distrair-me do tédio. A demora é tão longa que daria pra fazer quase todas as minhas atividades escolares no ônibus, se não fosse pelo balanço incômodo, olhares à espreita, lugares apertados, péssima ergonomia.... Bem agora você já sabe o porquê de eu só escutar música e seguir viagem não é?...
Na escola, sou um esquisito emocional, o tal do “Homem cordial”. Provas e mais provas, molduram meu dia nesse lugar.
Tal lugar, não tolera meus princípios. Apostam em sorte, sabendo que pode ser melhor. Notas acima da média são uma forma de dizer “aprovado” mesmo que você não saiba bulhufas acerca do assunto.
As pessoas são diversas: gostos, estilos, características, costumes e manias. Algumas são superficiais, mas nada que dois anos letivos não te façam acostumar.
Que dia lindo, que dia extravagante. Eu podia pensar assim, se não me conhecesse tão bem, diria que tudo deu certo. Entretanto meus rumores dizem que estou bem, quando me sinto triste. Mas por que me sinto assim?
Realmente não sei ao certo, apenas recebo uma visita da solidão em meu coração, que na verdade é a amiga que mais me entende. Ela não me contraria, não se mete na minha vida, não me ajuda, não fala nada, ela só está alí por ela mesma e quando não tem mais ninguém, ela vem me invadir.
Tomado por minhas próprias concepções, deixo que a alegria me invada com vontade, até que meu sorriso escape pela boca. De vez em quando é bom sorrir, mesmo que não seja sempre.
Após mais um dia, recebo uma visita inesperada da minha própria “essência” do ser. Ela diz que me ama mais que tudo, mesmo que eu a julgue errado, ou a deixe na mão. Eu perguntei à ela: “Mas por que você faz isso, depois do modo que a tratei?"
E ela me respondeu: “Porque eu sei o que você sente, sei o que você passa, sei que não é fácil a vida, passo pelos mesmos problemas que você. Então não se preocupe quando precisar de um ombro para chorar ou um abraço apertado, estarei aqui pra você assim como você estará pra mim”. Desde então meu “consumo de amizade”, se tornou uma desfiladeiro de emoções, era como ter um melhor amigo, era como saber em quem confiar, era como ter alguém para desabafar, sabendo que nunca iria te julgar, era como se houvesse alguém que iria se importar.
Tão distante estive de mim, senti saudades ao retornar, acalmado e resplandecido através dos raios luminosos dos olhos de um garoto de mente criativa, fantasiosa e que apenas queria saber como lidar com tantas situações.
A busca foi contínua, os achados eram menos que os perdidos. A ascensão do sofrimento ao ouvir a verdade fluiu através do tímpano surdo até o corpo sedento. Como uma tocha olímpica, meus sentimentos me acenderam novamente, deixando-me novamente em estado de reflexão. Meus olhos abriram intensamente para enxergar o que havia dentro de mim. Não precisa ter nada “de sobra” para poder doar à alguém, só precisa ter um pouco de solidariedade e um coração que não pulse só por sangue, mas também por amor.
Não precisa participar da história para narra-la, basta saber olhar daqui de dentro e enxergará tudo o que acontece nesse mundo louco da realidade e imaginação.