POR UMA ESCOLA LIVRE

Existe uma máxima no senso comum sobre o papel da família e da escola na vida da criança: Família educa, Escola ensina. Objetivamente, esse é o padrão concebido e parece o mais consentido, tanto pelas escolas quanto pelas famílias. Penso até que sirva como argumento definitivo em um debate sobre o assunto. Mas, a família só educa e a escola só ensina? Não existe esse padrão na vida real, porque a família nem sempre oferece estrutura básica para o desenvolvimento físico, cognitivo e social da criança.

Por outro lado, a partir da ruptura democrática iniciada em 2016, os golpistas vêm tentando impor o terrorismo na educação pelo patrulhamento ideológico. O cenário não deixa dúvidas de que o ensino é inimigo dos governos pós-golpe. O atual secretário de educação, Abraham Weintraub, além de inepto e fora de contexto, é uma ameaça ao futuro da Política Nacional de Educação.

O Ministério conservador desperdiça força de trabalho para atuar contra os professores, para que estes não ‘transmitam’ aos alunos suas crenças e valores pessoais (a perniciosa escola sem partido), que busca estabelecer limites à atuação dos profissionais em sala de aula, (a funesta doutrinação ideológica), transformada em peça de campanha política e em fantasma conceitual assombrando o sono do parvo.

A escola parece que perdeu alguns valores subjetivos em consequência da perseguição de seus detratores que não aceitam uma sociedade letrada, participativa e em condições de reivindicar da gestão pública o que a ela é atribuído. Também, considerando que o governo tenta apagar o legado do educador Paulo Freire, um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, influenciador do movimento pedagogia crítica e patrono da educação brasileira, a desobediência civil deixa de ser figura de retórica.

A escola tem de ser livre para escolarizar e educar, formar pessoas produtivas, essa é a sua função histórica. Além disso e em lado oposto, existe o fundamentalismo religioso, fenômeno que causa o esvaziamento do meio cultural, que serve de barreira para que o ensino e a educação progressistas não avancem.

Algumas teorias preconizam que a família deve ir só até o portão da escola, outras defendem a participação dela nos conselhos de pais. De certo é que no cerne da discussão entre quem educa e quem ensina, está a criança que, seja na família ou no ambiente escolar, precisa da proteção do Estado para se desenvolver dignamente.

Ricardo Mezavila.

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 12/09/2019
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