Vestindo pele que não é nossa
Quando criança eu via na televisão os palhaços fazendo rir dezenas de espectadores no auditório, com graça duvidosa de tombos e pancadas e já naquela época eu pensava como eles conseguiam tocar uma profissão dessas em tempos de problemas em família, ou problemas de saúde. Minha sábia mãe dizia que era somente uma profissão. Vida dura! Hoje passei por várias funerárias na rua do cemitério e vi famílias nas calçadas aguardando enterro de familiares. Observei os agentes funerários, carregando caixões e arrumando flores, num silêncio próprio para a ocasião, mas ao mesmo tempo pensei que eles têm que se manter assim o tempo todo de trabalho, por lidar com famílias de luto. Comportam-se como se estivessem de luto também e pode ser que estejam vibrando com uma alegria particular, talvez o nascimento de um filho, ou outro, com um filho que acabou de noticiar que passou na faculdade; uma filha que vai casar naquela semana. São tantas as alegrias! Até um aumento de salário! Em qualquer situação lá estarão eles com a máscara que a profissão exige.
Nunca somos o que aparentamos e, por mais que alguém diga que é autêntico, a vida ensina que não é assim. Somos adaptáveis, graças a Deus, e nem por isso significa que somos falsos. Apenas aprendemos com a vida, pois somos seres sociais.