Acho que me apaixonei
Acho que me apaixonei por ele. Não sei quando isso começou, mas... sabe aqueles olhos grandes inexpressivos? Fazem-me pensar na lua brilhante e hipnotizante, paradona lá no alto falando com a gente sem dizer nada. Não sei explicar, é uma coisa de tato, um conversar de rabo, patas e bigodes passando pelas minhas pernas, querendo algo, talvez um afeto, ou a comida que trato na pia, não sei, só sei que isso não importa para nós, a gente conversa nas entrelinhas da vida cotidiana, entre rações, panelas de pressão apitando, e o rádio tocando nossas músicas favoritas.
A noite, ele corre pela casa caçando presas fáceis e outras que escorregam por entre suas patinhas brancas ágeis de caçador como brinquedos. Ele é gracioso no andar, no correr e no se aconchegar aos meus pés sobre o nosso tapete de crochê favorito, ele ama se fingir de gente ao assistir novelas, filmes, parece mesmo que entende tudo; tem uma inteligência felina sem igual. Em fim, ele me encantou; bastou alguns miaus, patinhas com unhas no meu vestido e tudo aconteceu.