não é de hoje que comumente somos esticados às cordas do imediatismo cotidiano. E lá se vão dias, meses, anos, estirados como charques ao sol, sem que ao menos caiba aos nossos nervos prever um ponto de ruptura.

Não somos máquinas, longe de qualquer rótulo de perfeição, todos, absolutamente todos nós precisamos de um tempo de morte. 
Um tempo de embarcar na solitude desregrada de conceitos e desabitada de falácias. 
E nesse tempo se deixar descoroar do mundo, da pólvora acesa das horas, da turbulenta multiplicação das coisas e dos movimentos vertiginosos que nos golpeiam crucificando as águas e escurecendo a música.
 
Todos precisamos de um refúgio, um lugar tranquilo, [ de amparo ], longe da roda do sistema e das toneladas de imposições, para se respirar profundamente, se deixar inundar pela corrente de ar puro, se permitir fluir no pomo maduro do céu. Não apenas como quem se abstrai das manobras corrosivas, mas como quem se abandona numa estação de estrelas .

 






 
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 11/09/2019
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