Como nasce um sol
tão despretensiosamente trocamos palavras, algumas aqui e ali até que, de algum modo tropeçamos no piparote que sustenta o mundo e ele se pôs a girar, girar... primeiro suavemente, depois foi tomando velocidade e me deixando tonta de tanto você e fui me permitindo girar e girar... rodopiamos em ideias, rodopiei em mim e de tanto rodopiar uma força centrípeta me forçava para fora e o meu coração quis achar lugar no seu peito.
Eu não sei se o estabano foi meu ou seu, ou de Atlas que por alguns momentos soltou o mundo de sobre os seus ombros.
Disso não sei, não entendi como foi...
O que sei é que senti a mesma leveza de Atlas, sem nenhuma obrigação, expectativa ou peso e pude flutuar. Foi como se meu corpo de estirasse numa banheira imensa do tamanho dessa galáxia, e o meu corpo à deriva mergulhado em sensações foi subitamente sendo sugado pelo ralo sem aviso algum pretendendo cessar o meu entorpecer.
Logo, percebi que Atlas retomou o mundo sobre os seus ombros, mas eu não.
Algo de racionalidade retornou e voltei ao meu lugar. Sim, o mundo parou de girar afora, mas não parou de girar em mim.
gira
gira
giramundo aqui
giram meus sentidos
girassóis se abrindo em meu peito
e aqui estou eu nesse afã imenso de girar em seu entorno.