Um olhar de saudade
Tenho me sentido um pouco a dona Cândida, aluna da escolinha do professor Raimundo (Chico Anísio), que sempre via uma cena meiga quando vinha pra escola e depois chorava quando tinha que responder sobre as coisas do Brasil. Meu sentimento é porque ultimamente venho prestando mais atenção nas coisas simples da vida e vejo o quanto elas tem sido importantes, para aliviar meu coração de todas as mazelas que nossa sociedade vem passando.
Certo dia, quando fazia minha caminhada, vi a correnteza das águas na lagoa do condomínio e lembrei dos barcos de papel ou folhas de árvores, que a gente soltava nas águas que desciam fortes do Morro Santana, nos dias de chuva. Também lembrei da risada solta do meu filho, quando saia com ele pra rua, depois das chuvas, lá no Parque Santa Fé e soltávamos as folhas das árvores, para vê-las correr. E o atirar pedrinhas que, a cada “tibum mm”, o fazia vibrar de alegria querendo tentar repetir o gesto . Também lembrei do caminhar rua afora, quase arrastando o nariz no chão, a procura de pedrinhas “de brilhante”, e da disputa de quem acharia a mais bonita e, portanto, a mais valiosa. E num dia ventoso... correr com os braços abertos na esperança de voar ou perder as pipas pra força do vento?! Fiquei pensando se as crianças ainda riem e vibram por brincadeiras simples assim e de quantos adultos de hoje ainda lembram da simplicidade da vida pra, quem sabe, destilar menos rancor!